e a grande pergunta: quem sou eu?
um caminho, de muitos, a se percorrer... uma força, talvez... um convite à solidão... voltar-se para si, e ecoar

sexta-feira, 23 de julho de 2010

não quero saber do que se sabe para as coisas, mas do que se é para cada
quero todas as provas de fogo
até as em quais vou ser reprovado
qualquer coisa que se queira o torna ridículo
o querer
o contato é tanto que não pode ser oferecido
tem que ser pedido, exigido

quem pedir, favor seja longe dos meus olhos
aí pode pedir, mas não quero ver

ai, quem eu gosto e não gosta assim de mim
ou gosta, mas tem outros nortes

odeio quem é tão forte
gosto de quem se dá quando eu peço

não se deve pedir
eu peço, alguém mais pede

há de mais forte a vontade de pedir
quero carinho, afeto e contato
nada é mais ridículo que a carência
por ela dá-se a cara e a mão ao inimigo
e indiretas todas que puder

sou só, estou
a cada dia penso, sonho e quero
sonho não estar

faço-me ridículo
faço-me carente
insisto com não devo

ponho as mãs, ponho a boca
mais é orelhas e cabelo
estou ridículo e só e insisto

e quero e sinto falta
e estou só
ponho a mão e os pés

me encosto, me encoxo
estou só
continuo só
"nada do que foi será denovo do jeito que já foi um dia"


calar a boca e mexer os dedos


terça-feira, 20 de julho de 2010

eu queria tanto ter gostado de teatro quando eu era novo
agora já estou preso à globo
no teatro é tudo mágico, tudo mais real e mais democrático
eu queria ter gostado de dança quando eu era novo
agora não frequento que não me habituo
mas a dança é mágica...
eu tenho a globo
como emociona ver o esforço dum artista,
e se for dos bons, emociona mesmo
e se tivesse feito umas aulas de violino, eim?
agora não que isso se tem que fazer desde pequeno
eu tenho a globo desde novo,
fiz globo e fiquei bom em globo
eu tenho que ir, tá na hora do Jô


ah, a imprensa, que deu lugar ao rádio e à televisão e à internet...
ah, os meios de comunicação...
hoje eu estou nostálgico...
a quanta informação nós temos acesso...
ah, a cultura...
os costumes da cidade, a tecnologia...
rir de tantos vídeos na internet
acompanhar o caso Bruno de perto
controle remoto e preguiça...
a cidade é tudo
tantas chances e ciências e tudo tão ao alcance...
o Mundo é tão vasto, tão cheio de descobertas e está tudo tão perto graças à tecnologia
como fazem bem os meios de comunicação
só não me decidi ainda entre vale a pena ver de novo e aquele filme do Van Damme

eu gosto do meio de comunicação é assim: democrático
não podia estar mais satisfeito
eu tenho todos os meus leitores que queria
acesso à qualquer de todos esses shows da moda para me educar (e meus amigos não podiam ser mais amigos)
eu posso escolher entre a novela da Globo, o Datena e...
eu não tenho nem informação para fazer minha ironia, de tanto que eu passo longe da tela
parece que com isso vão me diminuir os leitores
gente, volta... ei! psiu!
puta que pariu pra televisão e para os eventos de massa!
puta que pariu pras informações as quais eu tenho acesso
não sei se eu falo do pão com circo ou de nem sei o quê

energia

é preciso energia para fazer as coisas...
o ki é a parte científica
a prática é a arte

ciente da energia que há, se chega
gastar a energia com engenho
sabendo da sua infinitude de possibilidades
o corpo responde e agradece

músicas, teatros, letras, danças

a arte é saber usar a energia para viver em gozo
é ver nada e enxergar a plenitude
e daí dançar, de olhos fechados,
dançar até o limite,
e dançar muito mais, e fazer mais do que faz
com força e ranger de dentes mental
pronto a vomitar, explodir
ir além de próprios limites e se esgotar

depois é um riso interno
a energia que se gasta, como se gasta, deixa marcas sublimes, aparecem anjos

eu disse do vulgar e mal exemplificando
a tal sensação nos faz nos sentirmos inteiros como os apaixonados
e nela se chega só pela energia que não posso nomear melhor...
para saber melhor, concentrar de olhos fechados, a mudar de um pensamento para outro, a todos rejeitando
nada fixe
quando não pensar em nada
e sentir no peito controlar a força da angústia e a paz da alegria
se expresse
em piruetas diárias,
por malabários de circo,
por vôos quaisquer sozinho

nada do que eu disse vale, senão por um momento
em situações extremas somos mais artistas que nunca
a energia leva ao limite, mas isso é só uma parte
há que se valer dos instantes
mas nada dura e sempre sai algo errado



enxergar melhor é perceber que se pode tirar algo significativo do que parece bobo

incistência é metade da coisa, a parte física, a outra é dissernimento

segunda-feira, 19 de julho de 2010









ah, com que olhos eu te perdi?
que desafeto me permitiu largar tuas mãos?
como pude abrir mão do teu sabor?
como me deixei reprovar em satisfazer teus caprichos?

ao começo, tudo tão tenro e lindo, a beirar o sublime
satisfizemo-nos tanto e tanto, que a satisfação perdeu o sentido
e outras aspirações nos deixou a convivência impossível
ao cabo, já esgotados, nos separamos

sem ti a vida foi uma tempestade,
que passou e deixou em mim estragos
que depois de reparados
mantiveram a marca da tragédia

fiz-me só e descrente
vazio e melancólico
meu maior sentimento
de me tirar suspiros
é a lembrança de quando fomos satisfeitos
eu sou o riacho manso descendo
num frescor por meus pensamentos
sou o fogo a devorar com os olhos
lindas mulheres, como a uma mata seca

eu sou a árvore paciente
servindo de paisagem para a vida
eu sou o louco furioso
com uma razão que só eu entendo

eu sou o vento rebelde indomável
indo por imprevisíveis caminhos
sou o filhote de pássaro no ninho
sem saber voar para buscar comida

eu sou o espinho da flor
sangrando quem me toca
eu sou o lobo faminto
comendo o pequeno pássaro que caiu do ninho

eu sou a água em seus três estados
gelando, aquecendo e molhando
sou um homem que busca ser
o que sente ao sabor da brisa
a todo o tempo me encontram as dúvidas
sempre carrego mil incertezas
a segurança que eu tenho é fingida
e eu mal confio em meus amigos

a tudo isso vivo, revivo em pensamentos e sofro
há alguns enganos que escolho para me satisfazer
o resto é um engano maior, que me escolhe e eu não vejo
mas a certeza única que há é mais forte que tudo

há algo que sei e me dá prazer
me ocupa e me faz inteiro
o que me consola sublimamente
é a certeza de meu próprio me saber vivo

terça-feira, 13 de julho de 2010

a incredulidade arranca das plants as flores antes que tenham desabrochado em toda a sua beleza

segunda-feira, 12 de julho de 2010



nós somos memórias ambulantes, que não registram fatos repetidos

onde estará perdida a sublimidade que pertence a mim, Meu Deus?
em que esquina estará a chance do meu feito da vida? aquele que me fará reconhecido, famoso e rico? ainda que fosse um pedaço de terra para plantar com minhas mãos o de comer; para o meu orgulho, teria as mãos fortes pelo trabalho. Mas não me oferecem terra... e em que parte dessa mina de ansiedade estará meu diamante bruto escondido? para a guerra da vida do dia a dia, como me armarei? e por que estou em guerra, e por... tá tudo fudido... já era... não vou ter a paz que busco, não serei artista reconhecido, não me aceitarei como eu sou, nesse mundo que não consigo me fazer satisfeito (se bem que quando eu encho a cara de cachaça eu não sinto frustração nenhuma) - é pouco! eu não tenho paciência pra aquelas baboseiras de faculdade e passar a vida como operador de telemarketing, nunca! prefiro morrer... e é por isso que eu tenho aqui esse papel e essa caneta pra escrever meu bilhete suicida, e esse chumbinho pra matar rato, que vai matar um rato bem grande
como desejar essa pessoa que não toquei
beijar esses lábios mil vezes, que nunca sorriram
essa alma sem corpo, que me assombra

como fiz-me crédulo de tal sonho,
que dia e noite me invade o coração
e aos suspiros e lamentos me tornei escravo

esses cabelos enrolados e sem cheiro
a cara de olhos lindos, negros e profundos como o vazio
em seu vestido de sêda e mistério

por onde entrou esse desejo
que corre com meu sangue em minhas veias
e me embriaga de algo que não é amor

sinto seu cheiro de distância
a espero, buscando em mil olhares por dia
metade da outra alma que existe em mim

sábado, 10 de julho de 2010

eu aceito, sei, sou e vou; e ainda faria melhor.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

repetições

para ser inserido ao tíitulo
eu não sei se quero dominar o que sinto
às vezes quero saber bem de alguma coisa
não sei por que seria feio me repetir e dizer
sinto, sinto, sinto, sentir, sentirei, sinto?
não, não, não, não sei! não saber, não saberia?
por que tentaria outro nome se quero dizer coração
sentir com o coração, sem saber o que sentir
controlar o que sentir é por ter o coração quebrado

ou sentir, somente...
apreciar, me deixando a cara para quebrar
eu não me decido
e caso eu me decida, evitarei qualquer agonia?
e caso eu quisesse dominar o que sinto?
conseguiria?

a minha vida vai em tentativas
mas não sei o que quero tentar
e, ainda assim, minha vida vai?

e a agonia, seria melhor se fosse evitada?
não sei, não sei, não sei
nada sei, mas acho que agonia é uma palavra vaga
que várias espécies de apertos alcançam meu coração
coração, coração, coração
é ele que importa na vida?
não sei, nada sei

há o tempo, há várias espécies de tempos
ao tempo do dia a dia será que me perco por muito em devaneios sobre o que sinto?
que isso me renderá além de versos?
não sei, nada sei

quarta-feira, 7 de julho de 2010



escrever antes por obrigação, que por inspiração
essa vem se por insistência, senão pouca
à hora de mirar algo tudo é válido

cada nadinha, que a olho nu não se vê
há que aparatá-lo
e com óculos de sensibilidade e imaginação
enxergar das coisas a fantasia ou a nudez

vezes há de a guia ser mais interna,
e tirar cada fato inteiro do absurdo não tocado
outras vive-se com a pele momentos tão lindos,
que são por si só poesia

quanta poesia há que se ver em uma fotografia
que - em preto e branco -
despenca do painel à cama
feito minha alma descendo à vida
ou meu bem caindo do meu coração ao meu pé

e então tentar treinar perícia, mas sem regras
de resto versos, que são melhor lidos de olhos fechados


a flor desabrochada é mais sensível que o botão
a flor desabrochada é mais bela que o botão
a flor desabrochada é mais frágil que o botão
a flor desabrochada é mais cheirosa que o botão
a flor desabrochada é mais poesia que o botão

vai! vai! desabrocha, meu coração!



hoje eu preciso de um amigo
mesmo que seja uma folha em branco
que aceite qualquer desabafo

quero pôr pra fora o que sinto
mesmo sem saber o que se passa ao certo
nesse universo que é meu coração

ando por ruas que têm nomes de flores
encontro bichos celebridades
caminho ao passo das folhas

vou com as pernas da imaginação


eu tenho um sapado furado
mas dele não abro mão
a ele usei até furá-lo
como poderia agora dispensá-lo
como se nunca o tivesse feito útil

meu casaco desbotado
eu usarei até acabar
quero vê-lo desmanchar
quando o lavar pela vez derradeira

quanto às minhas roupas de baixo
delas nunca me desfazerei
guardam de mim meus segredos
as deixo escondidas bem junto a mim
tenho medo que revelem a alguém o que não quero que ninguém saiba

nada há de mais poético que o sopro
sopro da brisa, sopro do vento
que às vezes se faz suspiros

não há nada como um suspiro
que enche o peito de vida
e espelha mil desejos sem fala

não há nada como a fala
que me permite usar de palavras
para chegar ao ouvido das moças

não há nada como as moças
que uma hora hei de ver nuas
mesmo com olhos da imaginação

não há nada como a imaginação
que me faz rei dos meus tantos Mundos
que me faz ser ou ter tudo que quero
mesmo moças que não existem
e com ela, ainda consigo tirar de mim suspiros


teus dedos lavam teus cabelos
a água te escorre pelo teu pescoço
a toalha te esfrega te enxugando

estás nua e bela e perfeita
estás como quero que estejas
mas não ante meus olhos

tu, moça que não tens nome
me despertas ardentes desejos
mesmo não existindo fora da minha imaginação
quero ser como a árvore
que abriga os passarinhos
protege galinhas
e me mexer ao sopro do vento

quero ser o passarinho
me abrigar em árvores
dividindo galhos com galinhas
e voar ao bafo do vento

quero ser a folha seca
que cai da árvore ao sabor do vento
entre passarinhos
e me misturar às minhas irmãs no chão ciscado por galinhas

quero ser o próprio vento

que balança as penas das galinhas
ajuda no vôo dos passarinhos
e arrancar folhas sêcas das árvores
estou para qualquer sorriso
mas não os quero
quero uma qualquer brisa
que me lave a cara da poeira da insônia

meus olhos há dois dias não se fecham
meu pescoço arde
meus braços sonolentos

quero beijar a boca do futuro incerto
caminhar sem rumo
abraçar a brisa

quero uma noite de sono bem dormida
quero sonhar com sorrisos amáveis
de uma boca que não beijei

o futuro que me venha incerto
caminho um rumo que é só meu
não sei onde irei dar

tenho no peito poucos desejos
desejo apenas caminhar meu caminho
que é louco para quem não é sensível

não sonho em ser rico
não quero um bom emprego
vivo pelos meus versos
que são como sonhos faltando letras
se vejo um corpo,
penso em beijo
me iluminando o sol
quero paredes

a lua atravessa o céu
me vêm como fotos
qualquer cena passada

minha imaginação padece
de não poder se calar

livros me lembram corpos

terça-feira, 6 de julho de 2010

eu quero uma luz, mas fraca
não quero sombra, mas penumbra
um por do sol, ou um nascer de lua

nada há no belo que seja intenso
não quero me ofuscar ou quedar em trevas
quero das coisas o simples e o singelo

palavras doces, mas não assucaradas
alguém que me fite, mas não me encare
quero um sorriso, não gargalhadas

um olhar longe, sem intensidade
olhos pequenos, que não sabem bem
desses eu aproveito o brilho

nada de grandes emoções, mas belas
ver tudo como algo natural
mesmo o amor, o vejo manso

sou enamorado do que é morno
o amor que tenho é como a tensão
que sinto ao tentar não ser exagerado

nada me alcança em cheio
além do ar que respiro à noite
com o suave cheiro do teu cabelo

eu me encho de palavras
e sinto minha cabeça mais vazia
se atento ao silêncio
escuto melhor o que sinto

tudo que leio parece me deixar mais burro
a cada frase, me sinto menos eu
crônicas, contos, ou até poemas
me impedem de sentir poesia

com a leitura, tenho palavras mais frouxas
a televisão ainda me faria mais mal
não ligo a TV e fecho o livro
fecho também os olhos e sei melhor o que quis saber

não que o que eu sinta tenha importância
ou que eu escreveria melhor se lesse menos
digo só que li demais e o que eu penso
se perdeu em palavras que não fazem a minha
faço bem em ser incrédulo
pois o que admira, em pouco dá preguiça
ontem fui amado, hoje desprezado
e tudo o que há de belo, ao mais leve toque se torna feio

em nada creio,
pois a gente se apaixona por espelhos
e um ser não pode ser amado,
a não ser que esteja em uma gaiola

e ontem, quando te vi,
me vesti da mais bela personagem pra você
te convenci, e me senti à vontade
a ponto de não sustentar mais a fantasia
e então você fugiu


as estações, a Terra, o Sol e o céu
a vida que nasce e renasce
quem nasce sempre morre
e eu espero a morte, satisfeito

morte de seres e de ideais
ninguém me convenceu de nada
existo para assitir todos os dias
nosso Mundo nascer ali e morrer acolá

o tempo passa como velozes carros
e atropela o descuidado
os sentimentos vão, também, assim
assassinando os descontrolados

já morri de amores nem sei quantas vezes
sigo na vida, agora, como um zumbi
do lado de cá, da minha morte
espero a gente me encontrar em sua sorte


a música me ilude e me sinto bem
a música cessa e leva minha paz
e não sei onde piso, ou o que vejo
não tenho no peito mais nenhum desejo

seria bom sempre ter algo para me enganar
desejar profundamente, mesmo que em vão
não quero mais um ser amado ao meu lado
quero algo pra de longe eu amar

mas nada me convence, que nada vejo bonito
há a música que inicia e pára
há poesia, que só dura um instante
só há o que nasce e depois morre

mas não tenho angústias ou vazios
nem esperança em nada belo
em nada creio e estou certo
de ser esse o caminho de quem se quebrou um dia por amor


eu tenho o coração fraco
fraco de não conseguir bem sentir
me apaixono e tenho preguiça
logo volto à minha descrença

e às vezes saio a procurar
sorrisos e olhos bem vivos
ou um pássaro qualquer que me faça sorrir
nada me convence

vou com um ser desapegado
que despreza até o amor
tudo o que vivi morreu
e agora vivo não sei quantos lutos
pois não sei amar por mais de cinco minutos

eu não tenho mais porquê escrever
não tenho alguém que chame de meu
fui abandonado pelo amor
e hoje sou todo uma descrença

mas escrevo, pedindo companhia
às letras, no lugar de um bem
quero escrever por escrever
foi-se minha menina, ficou-me as letras

e não creio mais em promessas
apaixonadas dum amor eternos
não acredito nem em sorrisos
creio em palavras e em solidão

estou mais sozinho que nunca
estou, também, mais perdido
eu quero frases de consolo
mas já não creio nem nisso

as fotos de antes me mostram
que eu estou envelhecendo
estou cada dia mais abatido
e cada dia mais feio

minha pele se desfaz
meu sorriso se demancha
minha cabeça está mais confusa
e creio menos em alegria

antes amigos me resolviam qualquer problema
hoje não tenho mais problemas
sou vão e vagabundo
sinto minha vida comigo de fora

caminho e respiro chupando o ar
meus olhos quase não vêm e se fecham
estou sempre mais perto da morte
e tudo que eu tenho é um desabafo
por cinco minutos
eu estive apaixonado
senti desejo, me enganei e me cri feliz

me apaixonei por teu sorriso
me fiz bobo
e sonhei com nós juntos

passou com um sopro mais forte de vento
fiquei vazio e sem desejos
mas teu sorriso ainda é encantador
eu tento fugir,
mas o vício me abraça
e me dá um beijo de fumaça

estou tonto
estou apático
estou dormindo

hoje eu não sonhei
hoje eu não abocanhei a vida
e também não acordei

queimei o meu dinheiro
queimei a minha casa
e queimei a mim mesmo

não vou, que inda é cedo
deixo pra depois
depois, depois, depois...

o meu passado um engano
meu presente um vício
meu futuro outro engano

nada há para se fazer
nem me alegrar, nem sofrer
só posso sentir a tontura que me causa o vício
mesmo sabendo que não há nada no mundo
eu insisto em esperar
insisto em buscar ser feliz,
insisto em conhecer e sentir as coisas

sempre chego ao nada de onde saí
às vezes me machuco,
corto os lábios, queimo as mãos
me esfolo e caminho para lugar algum
sigo e ao cabo de cada caminho
estou denovo no nada

o nada que há em volta
me sufoca como se fosse o próprio tudo
tento violentamente me desagarrar desse visco
aos socos e pontapés, brevemente creio-me livre
mas ilusão
se abro melhor os olhos
percebo que estou no mesmo lugar
estou em lugar nenhum
estou caminhando sem me mexer
em busca do que não existe
nada existe...
só existe a angústia de saber que não existe nada

Um engano
rolar na cama afim de um posição confortável
e só há o desconforto
fumar ou parar de fumar
amar ou não amar
enganos e enganos

nada há que assim não seja
a alegria é um bola furada
a tristeza é por algum erro
amor não existe

o que há é uma falsa saudade
o vazio das mentiras
o suor frio da desesperança
as palpitações da angústia
nada há de bom ou de ruim

sinto com os olhos
vejo as coisas e não penso nada
meus sentidos me enganam
minhas mãos me enganam
eu beijo a boca da vaidade
me adorno com o medo
caminho incrédulo

segunda-feira, 5 de julho de 2010

volto com o vazio de sempre
com um vazio maior
uma angústia mais forte
e mais ansioso

menos iludido
sabendo do que há de feio no Mundo
e que o belo não existe
e qualquer verdade é um engano

abri mão da esperança
em me crer feliz
também não há tristeza
só o que existe é a saudade

eu viajo e vejo quantos Mundos
e vejo que nada é certo
e que o Mundo fede
e que qualquer certeza é um erro