e a grande pergunta: quem sou eu?
um caminho, de muitos, a se percorrer... uma força, talvez... um convite à solidão... voltar-se para si, e ecoar

segunda-feira, 24 de maio de 2010

karaté

ah... por que insisto em falar da arte?
me expressar...
quem vê um jeito mais real de se expressar que na arte marcial?
dar de si um tudo e tentar mais...
estou sem saber se estou para o papel ou para o tatame...
estou para os dois,
meu pai sempre me disse que o pensamento perde o sentido se não trabalhar o corpo...
agora concordo, amanhã não sei,
ontem concordei, também, mas não tive como falar

a gente sente mesmo a arte nas veias quando o corpo cansou em se expressar;
caras feias e pontapés...
gosto de escrever,
hoje estou mais para o karaté...
amanhã eu não sei...

andei pensando, crendo ser fato:
- no mais que eu pense em caminhar, ou deixe versos...
e me esvaia em caretas e dance uma dança mágica ou nítida...
eu quero é me estafar, dar de mim até não poder mais...
estou mais satisfeito quando me entrego ao máximo ao que seja;
assim consigo me ver fazendo parte de o que seja...
meu jeito de ser e marcar...
me sentir marcando,
sou mais um querendo gravar as mão na pedra dos mestres,
ser tanto, que me queiram para ensiná-los, e creiam em mim;
saber tanto até saber que não saberei nunca o suficiente,
e mostrar caminhos...
usar ao limite de todo esse meu ser insignificante,
para ver que sei nada como ninguém...
e termino com as palavras do sensei,
dizendo daquilo que prego agora:
para aprender, é preciso ter o copo vazio
- para ser redundante -
copo cheio não enche...
tentar ver que o copo é o corpo

domingo, 23 de maio de 2010

gaveta

que falta me fará uma gaveta...
a gaveta de um ser o resume; quantas coisas inúteis guarda ali o descrevem...
saio, abro mão do que juntei, pessoas...
abro mão da gaveta...

eu saí e agora tenho uma mochila e um caderno
me falta o ar, acho que fumei demais...
sempre cri em tantos sonhos, aquilo de amor eterno e uma coisa para a vida toda;
mas já sei que isso não há; nem isso, nem aquilo...
não há quase nada.
há o que se creia, mas, também, quase não tem valor,
pois a gente só crê no que está longe.
para mim, há os meus versos, que tardam.
minha crença correu, meu saber me escapoliu;
hoje me vejo inútil como sei que tudo o é;
a vida é pouca para abrigar tantos sentimentos;
então como vou saber de algo?
muito menos saber de algo que valha...

creio que o pouco que é tudo é me pôr a pensar...
pensar e escrever.
o único modo de não me trair;
pensar e gravar esse eu sujo, bagunçado, desordenado, cheio de lixo e coisas inúteis, como minha gaveta.

escolhi levar um sorriso no rosto,
e andar agradecido por estar vivo,
viver sempre algo que podia ser maior e que não faria falta...
andar por aí satisfeito, desenganado;
saber do fundo da alma que nada vale a pena.
sei que o que há, na gente, é o sentir;
viver minha vida
andar, sentir e sorrir

ser e sair

saio com a maior vontade
vou como que para um sonho
vou sem acreditar em paraíso,
apenas vou porque sou,
incrédulo e cru
vazio e infinito
carregando o que as mãos aguentam, sem buscar nada...
nada creio que acharei, também;
vou, sem esperar por paraísos...
apenas vou porque estou vivo

já nasceram todos convencidos do que devem,
mas a mim, ninguém convence do que é certo
eu, agora, entendo que quem se convence não vai, já está...
eu, agora eu sei, agradeço a Deus...
eu estou para ir,
eu sou para ir, senão não sou...
não me convenço,
só vou

desapegado


desabafo

tudo é natural
nada foge ao encontro do que é destino
beber água e sorrir sem saber
é nada, é tudo
eu sou, muda o rumo, nada é?
há lugares e caminhos,
digo de cada coisa
sou para ver,
vou pra ser...
o que há é quase nada e há um tentar muito sentir
eu me desentendo com as palavras
eu tenho tanto a dizer, mas não tenho tempo...

cada lugar que vi ou pensei,
tudo que sou e fui,
o que há, meu Deus?
e por que eu preciso tanto saber?
digo do que não sei, por que preciso tanto dizer?
e sou feliz, quem?
e onde vou, que não paro?
por que há tanto? haja o quê?
e mordo a língua com respostas para um outro dia...
esse tudo, que é hoje, não existe.

caminho

acordo a não sei que horas da madrugada
me levanto para escever,
um me levantar para me ouvir...
levantar e não saber direito pra quê...

falta das palavras...
medo da minha viagem
sei que vou
sei que sou o ir não sei pra onde
que vem a mim, me encontra
pouca lembrança de um bom dia que eu mal vivi
saber que vivo para me enganar
e sentir falta daquilo de que não se pode fugir

tenho em mim tudo de que preciso e quero tanto mais
eu quero as palavras doces
e algum olhar que me mire
eu falo do alto e da rima...
apreciar o sol deitado no asfalto
o viver todo dia que todo mundo vive...

sei de mim e de onde estou,
às vezes acordo não sei porquê e sem saber de nada
o sol às vezes não me acha, nem as palavras
eu apago a luz, para me ouvir melhor
o que guardei pra mim, para me fazer feliz

eu tenho o mundo e me sinto só
não triste, que assim , eu não me sinto mais
eu vi das ciências e do mais,
mas levo de guia algum palpite
o que está certo é o que se diz estar,
eu me levantei ainda não sei para quê
não há choro, ou nada que valha ranger os dentes
existo; sou isso que é forte e mole...
de perguntas e respostas eu nada sei...
sei de uns poucos rumos

varo, atravesso, sou e vou...
algo, assim, sem quê nem pra quê
não há nada que eu possa responder
sou que tenho resposta ao passado e ao futuro,
do presente só sei ir...
ir, desacatar e não saber

quinta-feira, 20 de maio de 2010

eu sou porque me creio
sou o que sou porque me percebo
a essência não pode escapar
ser o que há de ser

palavras repetidas e a pobreza
um texto engajado e Brasil
não costumo falar de notícia sensacional,
falo do que é brando, que é o que sou;
o mundo é o mais, é profundo;

ao mundo minhas receitas são falhas,
inútil todo o meu trabalho;
eu, mesmo, um mais inútil,
senão pelas sutilezas, que nada valem...

Meu mundo real é carnal
e não há na carne a fantasia
mundo de violência, tribal,
um mundo mais noite que dia...

mas eu canto feliz, a voz aguda de satisfação
eu canto enganado, sem me deixar absorver;
falo alto tudo que quero dizer,
quase não sei o que quero dizer...
quero mais é dividir meus versos,
dizer que mais que o mundo é o universo e o criado;
o meu canto feliz acompanha o mais
e a ordem do maior não é a violência;
só hoje eu falo da compaixão
para fora do meu mundo, também,
servir de bom apoio
não quero saber de nada
além do que eu mesmo penso
o tudo nada vale
e o menos que mais valha

Em uma viagem longa
me vale mais o caminho
eu chego, eu chego
e que eu aproveite bem o antes

cada instante,
toda sorte, destino
quero me untar de cada
me abrir ao mundo
vejo com olhos que sentem tudo
ainda quando durmo, ou estão fechados
penso que sinto, e penso,
uma marionete nos sentimentos que escolho

o mais, o completo, o percebível
é a palavra me surgindo
o sentir que quis pensar
meu humor não varia com nada mais,
nem sei porquê ainda falo de família
a menina gravada em minhas retinas,
meu humor se varia com as letras que escrevo
eu canto para o mesmo rumo que sinto
e sinto apenas o que penso

ninguém me vê os motivos
e estou feliz como nunca
por atos invisíveis
me fiz o mais realizado

me escapolem palavras sem intenção
minha prova de existe o há, o ser
a vida que não desrespeita o tempo
o nascer, o passar, o morrer
descuido não me contradiz, também o sou
e gosto...
improviso não há

eu sou o sentir minhas palavras e meus sorrisos
me fazer feliz por pensar até descompassar o coração
sou iludido e alienado
vivo na lua e na fantasia
minhas palavras criam meu mundo
e o resto silêncio, é a poesia
Tudo para mim está mais belo
Encho os pulmões de ar na avenida
rio, satisfeito
ando com o olhar perdido mirando o alto
meus pés e pernas se mexem livres,
indo onde querem
meus braços acompanham balançando

sinto que não devo nada,
cada bom pensamento, tudo que recebo,
um presente
amo um pouco mais a cada um
caminho sem rumo certo,
vou contente

canto sem norte,
parece que busco inspiração
meus passos se confundem com minha poesia
acerto o pensamento
as pernas mais leves
o sentimento mais livre

preto no branco
não há lugar para sutilezas
tenho tudo que quero comigo
meu caderno, minha caneta, meus livros

Reconhecimento por se ver livre

escrever de cara limpa, sem drogas ou vergonhas...
falar o que quero falar e pensar que sei do que falo
a minha contribuição à Língua,
a minha visão sobre o que é a essência da alma...

se escolho ver, escolho deixar de ver mais...
sempre vejo algo, percebo...
eu rio e me apavoro, com uma angústia que me faz tremer os braços e me aquece, me faz me sentir vivo...
alma da gente voa...

saber e se enganar;
chorar por prazer e rir por obrigação;
sonhar só e estar acompanhado...
alegria sempre, ilusão...
saber se fechar em si e ser feliz...

a língua me engana e me bate,
a estrada e o verde em volta,
a alma livre para ser, sentir, saber...
se enganar...

bons enganos que me levam em viagem,
ser o que quero ser e sorrir...
de resto não há...
há o diferente, que não quero,
me engano

fecho as cortinas e a porta, já não me sinto só;
me vejo, estou comigo...
meus pensamentos me acolhem,
meus sentimentos me renovam,
meu corpo me limita, mas eu vou...

por hora me sinto abstrato,
outras horas me sinto denso;
sinto a alegria do descompromisso,
a briga tácita contra o senso...

quarta-feira, 19 de maio de 2010

viver melhor

errado e inútil...
são as palavras de minha vida;
acredito serem as palavras da vida, melhor dizendo.
Eu ou estou cego para as coisas belas,
ou estou certo.
Vejo todos se afirmando certos e úteis
apontando erros e inutilidades dos ao redor;
e eu que me vejo errado e inútil,
que sou só sonhos e desejos,
me sinto ainda mais errado e inútil que os outros.
E perco as forças para largar de ser tal errante errado e inútil;
mas assim talvez seja melhor.
errar é caminhar sem destino e não se frustrar;
é viver melhor... fugir de ser útil é ser livre, é ser poeta...
fugir de ser útil é ser útil por prazer...
De uma utilidade que não se define bem, mas que faz bem.
há de fazer bem a alguém...

a gente se desilude,
achando que não é capaz,
mas a ilusão é forte,
que com crença leva a qualquer lugar,
por mais improvável que pareça;
assim se encontra a felicidade, a realização, a harmonia em lugares que olhos desiludidos não crêem...


me sentir obrigado a sentir sempre, ao menos,
uma ponta de incomodação por algo que fiz
e não deveria ter feito
não alguém que eu toque me obriga,
o que me força é algo que eu não dou corpo...

a vida é lutar contra esse arrependimento,
tendo que fazer algo que valha mais,
ocupe mais espaço e sufoque a angústia

mas o que seria uma vida livre?
quando o traficante, o padre e o assassino
não se sentissem amarrados a algo que sentiram, fizeram, pensaram...
um se expor, realmente...

assassinatos, suicídios e mais o caos...
tudo de um jeito muito belo,
a todos apetecendo...
a gravura de uma obra de arte.

nesse tempo, enquanto não morto ou suicidado,
penso as coisas todas que quero pensar,
sinto tudo o que quero sentir,
vivo tudo o que eu quero viver,
amo tudo que quero amar...

uma liberdade completa dentro dos limites do corpo.
uma liberdade maior assim que fora deles;
saber sem manchas de tudo que vale a pena
quando eu te olhar, receberá flores
quando eu te pegar, sentirá firmeza,
quando eu te falar, estará alegre

segunda-feira, 17 de maio de 2010

a diferença sobre o que eu sei, é sempre em saber o que penso e não saber.
hoje conversei com meu amigo, e agora sei de quê?

são exemplos se esfolando

as calças jeans sujas e debaixo das unhas,
um porco, mais sujo e desprezível;
que pensando o que seja, não se valha ler-le o pensamento.

um para quem se diga um palavrão;
os pensamentos, a vontade de ganhar o Mundo: quem quer saber?
este, que fala, realmente, os palavrões -
foge da rima e não vale nada.

o pranto, quantos parnasianistas tentaram e não choraram;
às vezes, mais que o Príncipe Bilac e métricas e rimas,
valham as unhas sujas, que se sujaram vivendo algo que não sei o quê...

muitos convincentes, por vezes, não me convenceram;
outras vezes me convenceu um que não queria me convencer de nada.
algo que sempre me alcança, a pergunta: como anda a arte?
algo muito de mim, mesmo: acredtio que muito mais na boca de quem não se vê fazendo parte.

e então, fumo quantos cigarros, só de companhia para pensar:
não valendo nada meu voto de mérito, o dou...
para aqueles, estes mesmos de quem disse;
sujam por debaixo das unhas e esfolam os dedos,
fortalecem e arranham os braços;
se vêem como portas no quisito,
mas não podiam representar melhor a arte.

sendo pra si e para os outros, por dentro e por fora

acerta quem diz que estar abandonado é se isolar.
eu sou um que está para o que der e vier e às vezes não estou para nada.
quantas vezes queimei o móvel por esquecer o cigarro,
e quantas vezes fui depravado...

fiz coisas intoleráveis;
inadmissíveis, incompreensíveis;
fiz e senti

e quem fez mais explícito, acho que mais compreensível;
se deu e não pensou tanto...
arrependimento, pranto ou lamento, nada disso me encontra, não tem encontrado...

eu acredito que sei do que digo, mas me perco;
eu conheço de arte sendo ignorante;
antes reconheço que conheço...
nada sei da mitologia grega,
do saber universal dos gregos, na verdade,
com seus sócrates e platão e outros, ainda;
disso não sei ou quero dizer.

sou por quem não se vê sábio
ou pelo que se vê e não se segura;
sou pelos inconsoláveis, que não alcançaram;
sou pelo que tem antes da vitória a batalha, e essa vale mais que tudo.
sou pelo coitado, que é muito mais que pensa e sabe.
reconheço tantos conviventes que são tanto mais do que sabem;
vejo tantos artistas que se vêem nada a ver com a arte...
e esses, com isso, sofrem menos.

estou incontrolável, uma fera; me vejo assim.
aquele que quer muito ser feliz e alcança pelo esforço;
cheio de dúvidas, mas valem as certezas...
não sei do que falo...

sou um acomodado que se acomodou na briga interna,
e que não pensa pra entrar numa briga fora;
sou este eu que me vejo agora;
um mais confiante, que chora...
um que sem porquê, vai embora;
aproveitei as rimas que podia
e nem sou fã delas, mas gosto da metalinguagem...

acreditar que sabe

As palavras puxam palavras,
eu as digo todas que me vierem...
diz-se que escrever é cortar palavras,
e eu as uso aos montes...

dizer que um mais letrado
supera um mais jovem;
mais criança, até...
eu sinto tanta falta de ser criança...

mas uso de muitas palavras...
um gugu, dadá acompanhado de um olhar seria mais sincero, mais certo;
ainda bem que tenho palavras e a minha cabeça pra pensar;
tento ser criança e não pensar nada muito complicado,
ser feliz ou estar triste...

passando da infância, acode a capacidade de se enganar;
me finjo alegre, e alegria; e uma tristeza melancólica às vezes para me inspirar;
foco alguém, e um futuro amor, algo para me dedicar;
penso em uma ocupação qualquer, só consigo pensar em me expressar...

há, também, livros que me acodem; há o eu poder pensar no que escrevi e apagar;
há o deixar com está o que eu escrevi quando pensei,
e há muitas outras coisas; nada que me importe tanto.

escrever é como fazer sopa de pedra
se ponha a pedra numa panela com água pra ferver,
pique os legumes e etc... retira a pedra e come...
mas tenho preferido comer com a pedra e tudo, mastigo as pedras de um feijão sem catar.

o alimento da alma difere bem do alimento do corpo;
em verdade é tudo muito parecido, pois não difere em nada;
você varia o cardápio, varia as palavras e varia os sentimentos...
o estilo não na repetição, mas o contrário.

me agrada dizer que sou imprevisível, e que nem eu sei o que vou pensar;
grande exemplo de previsão;
eu sou feliz por ter aprendido a me agradar;
quis ser...

gosto de dizer que falo do que não sei falar;
eu sinto bem o que sinto e sei bem o que sei;
sei para onde eu acredito que esteja caminhando,
como alguém que se vê evoluindo.

sei de caminhos e de opções e sei dos que não tomei.
sei da minha língua e das outras tanto quanto sei que nada sei;
sei que na vida tudo é se expressar,
e o que eu sei a mais, eu não sei...

parece, mas não é segredo

Digo dos mil pares de olhos que encaro todo dia
amigos, desconhecidos e outros, até;
digo que estou para me expressar,
e que cada olhar me afeta...

como me sinto, hoje, nunca me senti em minha vida;
nem nunca senti tanto...
isso, de me expressar, invariavelmente um lamento;
isso, que tento, algo que não se pode alcançar...

se digo de amores, falo que acreditei, tentei, falhei;
e repeti, sem pular fases...
se falo de amigos, sou feliz quando quero;
porque também sou metido à auto-suficiente.

dizendo de saudades, me fez falta tanto, quanto fez à um viciado...
hoje estou mais morno, mais morto.
só uso vírgulas quando me apetecem.
estar alegre, para mim, é como se querer estar;
como o é pra qualquer coisa;
amar é querer amar...

prefiro me ver como sendo o que eu quero, desejo;
abrir a cabeça e me deixar me enganar;
alguém apto a tentar.
tentar é a palavra; tentar e dar chance a aprender algo com um par de olhos...

todo par de olhos se parece no branco e na pupila,
mas as pálpebras e sobrancelhas dizem mais;
a verdade verdadeira mais verdade que as outras;
o resto são sorrisos.

dinheiro, casa e carro são conforto,
o mais é se expressar;
a diferença entre acreditar que caminha
e caminhar, de resto nada...


escrever, pra mim, é como me drogar:
um transe qualquer, que muitas vezes não paga a pena;
pra mim há a droga do amor e a do labor,
mas inda não sei como pôr cada uma em seu lugar.

que diria eu da troca?
troca e cobranças: x,
troca sem: y,
uma outra troca: z

falo eu de nem sei o quê...
a busca geral é pela fonte da juventude,
e a velhice nos acrescenta tanto...

que direi eu de nem sei o quê?
buscas e trocas e a juventude sem fim...
a experiência que não tem preço;
os amores que estão por vir...

eu insisto em escrever, insisto em lutar,
insisto em dançar e insisto em interpretar;
o resto é música...
e o resto do resto, não compensa falar...

eu recebo o que eu der e nada mais...
um que faça diferença a quem?
algo que se busque, mesmo, alcançar;
como aquilo de fazer força para ser importante a alguem

sexta-feira, 14 de maio de 2010

correção...

volta e meia releio os posts e corrijo... normalmente tiro umas duas ou três vírgulas e ponho outra em outro lugar...

ah, a roça...

e o verde que te quero bem...
as goiabeiras e os cavalos,
e a estrada ruim pra carro que não tem mais fim;
quantos pastos verdes... um gavião ou outro,
siriema, raposa, tatu e corsa;
aranha ou cobra...
o resto é vaca e boi...

a Bandeirante cheia de folga;
a minha saudade... cheia daquilo que se parece angústia, mas é bom...
saudade...
ai, a roça... ah, os tempos que estive lá...
agora sou só saudades...
a cerca por consertar, e funcionários que enrolam...
ah, saudade dos funcionários, e do suco gelado que eu fazia e levava e todos gostavam...
eu passando pela cidade, todos me cumprimentando com muita consideração e eu conhecendo a poucos...
saudades...

as maritacas, feito nuvens cobrindo o céu e um canto que vira barulho e nada mais se ouve...
muita saudade...
saudade da varanda, onde eu passava horas a fio, a fim de pensar em algo que me valesse lembrar depois...
saudade do medo que eu senti indo à senzala, tarde da noite pela primeira vez...
dos casos que contamos e das fogueiras que acendemos...
os fantasmas que espantamos e oremos as orações...
o oratório de duzentos anos, os espíritos com os quais convivemos...
saudade...

galinhas e patos e pintos e patinhos comendo os milhos que joguei pela manhã, e a horta que reguei...
limoeiro mais espinhento, perto da mina e da mata, nunca vi; catávamos os limões...
a represa em que remamos em uma balsa, pulamos de ponta, cambalhota, costas, e como pudéssemos... nadamos...
um pé de aroeira pra fazer cabo de enchada, as ferpas das canas nos dedos e nas mãos e nas roupas e no pescoço...
tudo me apraz e me faz falta...

saudade da benzedeira, que me curou de quantos maus olhados...
e daquela família, para quem quando indo buscar areia na beira do Paraúna, perdidos, pedimos informação; uma casa isolada em meio à nem sei o quê... e da casa me saiu uma dona, das mais simpáticas, que conversou com a gente em uma língua que eu nunca vou saber...
saudade da língua que eu aprendi lá... o jeito de falar...
saudade de estar cercado por pastos, matas e montanhas...
eu, que me vejo mais de lá, morro de saudade daquele nosso interior

Vive: (O) Que Pensa e Diz:

Diz...
Dizem...
Todos dizem...
Todos dizem sempre alguma coisa...

Há...
Há quem diz...
Dizem, dizer...
Reticências...
Junto a dizer, há de ver...
Que vemos? Que vêem? Quem?
E para perceber, pensar...
Ver, pensar, perceber; nessa ordem...
Depois vem dizer, que não faz parte.

Dizem que tudo é viver...
Que será? De onde vem?
Viver... Como se soletrado;
V – I – V – E – R; um passo a passo.

Quase tudo sem o tal do artigo; é o danado mesmo um necessário?
Quem diz? Questão de estilo, talvez...
Como sacar diferença entre discutir...
Não o, ou ao, que é outro lance;
Mas discutir sobre, e discutir sobre o artigo;

Coisa pra quem se diverte com lingüistas...
Simples assim, e deixando muito a desejar...
Como tudo que faço pra me divertir; ou tudo que fazem, façam...
Talvez seja já coisa de pronomes; verbos; modo, conjugação;
Discutir artigos até parece fácil;
Alguém que discuta comigo pronomes...
Ou alguém que só discuta; sem pronomes...
Ou todos, cada um a discutir consigo;
Que não discutam comigo...
Nem cada um com outro, ou com o outro...
Só consigo...
Melhor pensando, dizendo, ou vivendo.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

amor ao café

eu sinto um desejo, desejo sexual, de uma pessoa para outra - e me esforço para dar corpo e face ao desejo e não consigo. Eu estou mal acostumado... não pode mais me acudir a cara que por muito me acudiu sempre; antes do desejo, eu sinto necessidade dele, de me sentir atraído e fazer planos; estou numa hora diferente, uma em que em vez de viver por alguém, vivo pra sentir o desejo melancólico de viver por alguém; e para muito mais. O meu desejo sexual vem acompanhado de uma estranha vontade de ter alguém para cuidar e que me cuide; ser pai e ter mãe: -bom dia, pai -bom dia, mãe... e a água do café fervendo.
Não estou aqui para ser feminista ou machista, muito menos xiita; estou para os bons devaneios, os que fazem bem pra áurea, não agressividade; o café quem pôs para ferver fui eu ou ela; poderia ser eu ou ele; não quero tomar esse partido, digo das coisas boas, pelas quais não se pode brigar; mesmo que não realizado - como mandaria o senso, a hora pra mim é boa... um bom reencontro, esse, consigo.

clichês: certezas e dúvidas

vesti a camisa dos clichês; não que os tentarei usar a todo o tempo, mas estou para eles, deles não falo mal e não me convence quem fala; a mim, todos, ou ao menos a maioria galopante, me servem; desde todos os ditos populares até aqueles que em mim percebo e só depois descubro que são senso comum, ou nem descobri, ainda.
Clichês... acredito que sejam quem mais chega perto de uma resposta útil; mas me restam as dúvidas todas; muitas mais a cada instante; muitas certezas, também... mas sinto mais as dúvidas

ator bêbado

eu sou este eu que eu não sei quem é...
este que não sabe o que quer...
esse que se vê patético, se vê poeta...

cada dúvida, cada sentir, cada cambalear que percebo em mim
sou eu...
e eu tento fugir...
fujo da dúvida, para me sentir seguro
minha vida é sempre uma certeza e uma fuga.


eu sou um que não tem certeza e é seguro,
um bêbado que entre um porre e outro busca a Deus...
saber o que quer é um dom, ou um esforço.
dizer aos outros que sabe o que quer e está bem, é colorir o mundo.
se dizer honesto é ser burro ou mentir

abram-se as cortinas, para interpretarmos nossos papéis...
cada um no seu triângulo

quem se garante?

que na vida são escolhas que nos levam para um rumo ou outro é lugar-comum; a maioria das coisas nas quais acredito são lugares-comum; coisa idiota essa de tentar - mais querer que tentar, até - ser diferente; eu quero provar minha individualidade? a quem? e todo dia, para mim mesmo, afirmo e reafirmo que não preciso de opiniões alheias... sou mais eu(lugar comum?)... sempre fugindo dos rótulos, achando me sentir mais livre.... (e será que eu fujo?)
se fosse livre, mesmo, tava fugindo do quê...
mas os impulsos de hipocrisia, escondendo o que sou, eu mesmo - coisas simples
qual o mal em interpretar?
é a música que encontra meus ouvidos

arte: um dia...

Por que dizer o que todos sabem?
para poder usar da arte

sentir tudo, ou pensar que sente
sentir uma coisa diferente, que se sente todo dia
nem amor, ódio, ou angústia
uma outra inquietude
um trem diferente...

é um limite às palavras e não consiga expressar nada do que pensasse...
inquietude e frustração;
uma tentativa vã de alcançar o belo; viver...
vida...
vida algo, vida sentida, vida longe; fugindo da gente
sentir a vida: vida fugindo, a gente fugindo...

uma agulha em um palheiro...
tudo há, como amor, ou ódio, ou alegria
e há o sentir uma coisa diferente,
que se sente todo dia
inebria... paira, flutua
e tudo de resto inefável,
presente em tudo, contém tudo...
um devaneio

quarta-feira, 12 de maio de 2010

um botão de flor

sendo artista, às vezes,
por se ter menos que fazer, se mais faz
sem a nada interpretar, nada de antes visando
a cortina se abre, talvez caia para revelar um eu mais você
se aflora...
(ei!), se aflore....

arte pura...
talvez não pura, mas espontânea, original
tudo isso que disse, tudo muito a ver com arte,
principal a parte de nada ter para fazer, senão arte
sai... flui... talvez um significado para a vida,
algo que se reparta...

e nós todos juntos amanheceremos um dia...
viveremos alegria... sempre como que quem nada quer
daremos cada passo para o rumo da poesia

como falar de amor...
que sendo fracos, falando, sempre nos venha a dor...
mas amor é falta, é nada ter que fazer, mais fazendo;
feito música, poesia, o mais e arte