e a grande pergunta: quem sou eu?
um caminho, de muitos, a se percorrer... uma força, talvez... um convite à solidão... voltar-se para si, e ecoar

quarta-feira, 30 de junho de 2010

a sociedade está podre
há que haver uma revolução
mesmo qualquer trabalho,
que por princípio dignifique
vem de uma semente vã

o que nos está construído
os prédios de portarias venenosas
as ruas de movimento louco
praças de áureas assustadoras
e nossa casa em grades

isso tudo queimemos
com o fogo da rejeição
primeiro as grades das casas,
fugir pela janela ao encontro de nuvens
o ar rarefeito, me fazendo crer em liberdade

aspiremos, pois, os fantasmas que obedecemos
mandemo-los de nós para dentro de nós em grades
criemo-los em nós como animais de estimação


e então sentir do fôlego o grito
saber estarmos para o que precisar
estarmos para o que nosso real querer diz ser precisar
todo esse feito heróico, mesmo mais real,
é mais como um sonho

dia seguinte acorda
por mais saboroso o ar
estão de volta as grades e os fantasmas
e ao dia, que parece sempre uma noite
lutar para denovo sonhar
nos encontramos e esse meu ser minúsculo já sabia o que se esperar
mentiras, enganos, jogos e qualquer outra diversão
cético, aceito o que é real
e rejeito as intensidades do sentimento

mas me desarmaste
e ao teu terceiro sorriso, fiz-me crédulo
e os olhos meus com os teus, ou qualquer outros olhos me disseram verdades que eu já duvidava
e vivi em você uma noite mágica

no dia seguinte acordei cedo e fui pra casa
deitei à cama e me pus a pensar
foi mais que qualquer pensamento
eu revivi a cada fôlego a poesia de sonho da madrugada

e voltei a mim,
ao meu mundo cru e vazio;
sem em nada crer, me mantive satisfeito;
à essa hora eu soube: nada se há para crer;
o que há é para se sentir.
um dia vou tirar a apenas sentir minhas necessidades fisiológicas
irei ao banheiro se me der vontade
e posso até me alimentar e beber água
quisesse fazer apenas isso, não raro estaria contente
você, quando conversa comigo, conversa com o fruto do que o mundo fez de mim
quando me buscar e eu nem me abalar
apenas continuar o meu caminho
saiba: é o jeito que eu aprendi a dizer eu te amo

querendo controlar o que sinto
agora não sinto o azedo do limão
e também não sinto a doçura do mel
mas me faz falta ambos

tentar escolher, mesmo pouco
escapar de tentáculos
me prendendo e me sufocando
me podando o querer

me entram pelos ouvidos
o cérebro me apertando
e o pensamento é uma sinusite
então me drogo para esquecer

aceito o Mundo como ele é
não me apaixono, não amo
vivo para fazer o que se espera
vivo apenas para aceitar
meus pés descalços em um chão hostil
meus pensamentos sem lugar
as mãos buscando e tocando o ar
e meu próprio sentimento me agride

casa onde moro nunca foi minha
nem de papel passado eu a terei
por esse Mundo forte e sistêmico
ao máximo o direito de chamar de meu

mas nem isso é grande problema
nem disso quero solução
mas ter que brigar pelo que nem quero
e que me ver feliz pelo que me restou

e é isso que o Mundo pode oferecer
nada que eu queira, nem sei o que é querer
em nada posso opinar mudanças
nem sequer no que chamo de vida
a estrada de terra ao horizonte
vontades frouxas caminhando
pelas minhas pernas moles

meu ser, por inteiro, indo
inteiro, porém pequeno
sem gana, ou força, ou engano

incrédulo de qualquer beleza
os pássaros cantando nem existem
o ar puro é nêutro

as montanhas embaciadas
misturadas ao céu
por um horizonte de neblina

nem me comovem, nem afetam
cada fruto que me deslumbrou
vejo como qualquer vida vazia

o riacho longe que me encantava
e vários bichos
e até o bicho gente

tudo um engano, como minha apatia
enganos que nem busco nem encontro
enganado, agora, só observo

quando se está machucado de amor,
qualquer lembrança é profunda


ah, a lua...
não a lua dos poetas, mas essa luz azulada no céu sem estrelas que nos acompanha
a lua do poeta é tão distante;
a de agora não, que a olho no céu e a vejo;

o que não vejo agora é o ar de aroma azul...
um ar profundo, que me parece tão distante
e a lua me olhando, chega a me seduzir
ah, mas parece loucura!
o ar que me entrou pelas narinas, que eu senti no coração
veio da lua

palavras, instantes, enganos e caminhos

os instantes marcam as palavras
cada engano está para um caminho
as palavras vão pelo engano


palavras, instantes, enganos e caminhos
para onde apontar, seguir possuído por um desejo furioso
chupar a vida com a gana dos desesperados
e sóbrio como um samurai
minha memória é feita de cada esquecimento,
de cada engano, de cada eu que não fui e penso q fui

eu sou mais das palavras que não nego do que das palavras que digo, pois aquelas são mais
minha memória é feita de cada esquecimento,
de cada engano, de cada eu que não fui e penso q fui

eu sou mais das palavras que não nego do que das palavras que digo, pois aquelas são mais

eu queria ter sido duro nas horas que não fui
e ter cedido quando não cedi


eu quero construir meu poema-prédio
com palavra-tijolo por palavra- tijolo

quero um prédio-céu
com cada tijolo-estrela bem colocado

um céu-coração
repleto de estrelas-sentimentos


a palavra que trago, já por ser palavara, vem repetida
todo o ser que vivo para poder dizer há em vão
existo rígido como uma árvore, pior:
moldado como um poste
um poste e minha luz só pode ver o que está ou atravessa debaixo de mim

faço força para iluminar com a lanterna cada pedaço do espaço de mim-mundo
mas meus braços não se mexem como eu mando,
mexem como um Mundo qualquer ordena
por uma imposição banal
pelos meus impulsos de ser escuro, imperfeito, meio cego

não há no ser sublimidades, senão por engano ou fingimento
pois a gente não se desliga do que sente para melhor ver, ou pensar
quem não buscasse sentir, mas ver, sentiria mais claro

terça-feira, 29 de junho de 2010

o altruísmo e a humildade
são deixar o egoísmo e a vaidade
tão ínfimos que não se precise escondê-los

humilde é a árvore e a flor,
que são lindos e não escondem nada
não temem julgamentos, nem se pensam
existem belas sem o saber

é a busca sublime, de todos os homens
que os poetas ousam cantar
mas cada verso é tão menor que a flor

a um poeta bucólico,
há muita poesia que se ver na cidade,
basta ignorar teus sentidos

não vejo a estrada de poeira sem fim
ou os caminhos com os perigos da vida mato adentro
o arrepio da noite sem luzes
os bichos a cantar um canto lindo
na noite ou no dia...
nada disso vejo com olhos abertos
mas se fechar bem os olhos,
a tudo isso sinto

o copo com água sobre a mesa é menos real que a lágoa de meus sonhos
que atravessávamos so cabo do dia,
para de lá do meio ouvir a troca de turno dos sons
iam-se os barulhos da natureza clara em volta
e deixava a escuridão e os sons agudos do mato à noite

esses instantes do meu imaginário são o que tenho de mais real
mais que a água que bebo e o doce que eu como
a cada gole na água ou bocada que dou no doce,
estou buscando a delícia de ouvir da natureza a troca de turno

protesto

as coisas reais necessárias ao Mundo
e o que se impõe por laços ao passado
com toda a antipatia ao que se convém
é preciso ver que as regras
mesmo devendo ser melhoradas
também mandam fazer o benéfico
e essas não podem ser excluídas

a luta é vã por se agarrar a repetir
a vida é muita, que mercece muitos fatos novos
há muita métrica e rima a se fazer
uma rima que rime, mas uma diferente

há muita poesia para se cantar
a que todos cantaram até hoje,
mas uma diferente de todas
que de todas as de antes se fez
como um instante novo

há muita música para se tocar
com novas batidas e ritmos repetidos
e melodias jamais feitas
ou diferente

há muito de novo, ainda, que se tirar do mesmo ar
cada momento tem em si tudo para superar o de antes
pois o tem de exemplo,
o que já houve é. Para um novo ser
melhorar ou rejeitar,
jamais seguir

sábado, 26 de junho de 2010

todos os sentimentos são bons; os atos que os corrompem
que farei da vida que me deixaram viver?
os sentimentos são todos bons
as ações é que podem ser más
...
...
...
...

...
...
...
...

...
...
... se esforçando como atleta

...
...
... qualquer um pode ser poeta
o sonho é como palavras faltando letras
na vida estrofe é o início... (do vivido)
... ... ..(er)
... ... ..(er)
... ... e que já traga o sentido

a segunda estrofe é para me desenvolver
... ... ..(ido)
do soneto o que é para ser (entendido) (lido)
as duas últimas de tres versos ensino como viver

... faço uma brincadeira
... ... eira nem beira
... agora deixo meio chavão

... meia brincadeira, mas diferente
nesse ((a) estrofe) digo do que o soneto mais sente
e digo a chave, que se não fosse, me faltaria com faltaria uma mão
menina que veio e me fez mal
mas dela aproveitei o que disse
como se eu mesmo sentisse
e comêssemos do mesmo saco de sal

o que creio me pareceu crendice
e minha energia vem como tal
como se todos fossem um só local
lugar de encontro da nossa meninice

da mocidade eu sou seus edemas
da juventude sou os poemas
nada que a alguém convença

em que eu acreditava eu não mais sei
e até hoje o que eu mais gostei
foi de ser do incrédulo a crença

o que houve a mais foi meu ser infantil
criança vive mais que adultos mil
em meus ancestrais me vejo
digo menos para ser mais ouvido
eu quero o meu avô - já lido
leitura com a qual arquejo

abro mão do llibido
para saber melhor meu desejo
esta é a hora de aproveitar o ensejo
e viver mais bem vivido

mas menos que ele, digo tudo vão
pior, ainda, ao que ele sugeriu disse não
concordando procurei um melhor argumento

procurei e jamais encontrei
meu avô pra mim é um rei
mas do que ele disse não aproveito - lamento

discórdias geradas pelo que conversei
preferiria antes ter ficado calado
mas já disse e estou abarrotado
das inseguranças vindas de com quem falei

desabafar e ter alguém discordado
tal a vida a qual me acostumei
não me discorde em gritos do que sei
pois não me convence - estou calejado

veja o mal que digo como coisas lindas
palavras desagradáveis sendo bem vindas
mais do que isso é ilusão

pois em tudo que é, há algo mal
e eu sou a pessoa tal
que diz - ao meu juízo digo sim ao feio e ao belo não
antes pensei algo que quis cantar
agora estou furioso com algo diferente
e o que sinto agora me ocupa a mente
o sublime que pensei não consigo falar

por que cada um de um jeito sente
o que devia a gente era não mais conversar
falando corre o risco de se queimar
pois ninguém aceita e somente

se soubesse que causaria isso o que eu tinha sentido
garanto - me privaria de tal libido
e deixava para outros discutir

mas como jah falei e estou decepcionado
me sinto pior que um ser apaixonado
que prefere a razão ante o profundo sentir

eu vejo em mim meus ancestrais
agora eu gosto
o meu melhor que de todos, aposto
com certeza acrescentam mais

(gosto mais do ancestral que diz (como eu))
a cultura não é do que eu mais gosto
mais gosto de seus ideais
... ... ..(ais)
... ... ao que me posto

estar de cabeça fechada, rejeitar o novo
o mau dos velhos é ser antigo
ao que é de agora ele é inimigo
para eles o que hoje vive não aconteceu

diz-se de quem é de hoje:
(tem-se que ter a firmeza dos jovens (adolescentes))
o que eu digo nçao tenho firneza
eles (meus ancestrais) sãõ com certeza
mais contemporâneos do que eu

sexta-feira, 25 de junho de 2010

eu vou furioso como alguém que vai pra luta já cansado

mas miro meu inimigo e encaro meu fado

como um samurei o vejo como uma presa

e eele me bate e eu apanho

e me defendo como posso de ataques ftais


r quando ele se ditrai - primeira chance - o mato


volto pra csa ainda mais cansado
eu sei da vida os vícios
por difícil de cre que pareça, posso me importar mais com quem mostro mais despresar
minha alma não ultarapassa nem deve, é plena
eu estou cercado
ou eu digo o que até hoje eu não soube dizer
ou eu morro
tempo

me sinto - às vezes - compondo como os ancestrais
e me sinto em uma ânsia de me livrar de qualquer fantasma que deles venha

mas como é delicioso me expressar em possíveis sonetos

nome do segundo livro ou segundo capítulo

sonetos e contemporaneos
deixo ao léu vários motivos de inspirações fáceis, que, pra pagarem a pena, tem-se que mexer mto a pena
vencido mais barreiras, galgasse mais montes e trespassasse mais montanhas
o próprio corvo da amargura

cometo uma gafe, um despudor
uma qualquer falta de educação

mesmo estando só me desculpo
aos fantasmas das sujeições que se me impoem
de tudo duvido, que não esteja sentindo
no que eu senti e sinto não acredito
e pelo que cri: - obrigado, Bendito
pois eu mal começo aquilo que findo

por vezes não percebo o mais bonito
passa um comboio fantasma - na noite - indo
eu vejo isso mais que bonito - é lindo
e me perco ao começo do infinito

o que eu agora cantei, que se vá em prece
não creio no que sinto - como quem desce
ao caminho cético de um ateu

não me gasto ocupando-me em lamento
minha crença vai com o próprio vento
e nessa hora eu sei que o meu Deus sou eu

sinto a tristeza que - hora sim, hora não - bate

quinta-feira, 24 de junho de 2010

eu sou um que tenho vergonah do meu ser mais íntimo por ter vergonha de mim
e a esse escondo
e mostro um que não tem tanto a ver comigo
mostro um que sou eu de alguma forma


mas não sou eu como meu íntimo eu
porque esse não mostro
tenho vergonha
ou passou, ou ficou agarrado pelo caminho

se eu mexer - de leve - a cabeça jah escolhi o q tenho q ser -
discordo!!!
as linhas do copo contra o que estava atrás
me fizeram ver a fumaça do cigarro apagado

se achas que não vivo, pois não dancei todas as danças que dançaste;
se vês-me frio, pois meu corpo para a vida só esboça reações
se crês teus instintos te fizeram viver mais do que eu sou (bicha lôca!!!)

sinto-te enganado
vaidoso
desnorteado

pois eu, cá com próprias guias,
vejo que ando e caminho...
vejo-me vivo e até mais
escondido esvaio-me em corpo
mas o que preso mais, e mostro-te
não vês
esvaio-me - e muito - também em alma
feliz não digo...
mas satisfeito porque cada coisa que eu escrevo, mesmo que não valha muito, um pouco me acrescenta
se achas que tem conteúdo, mas que falhas na forma,
saiba que pra cada um o outro é reflexo
não tente mudar a forma sem mudar também o conteúdo
sou sensível, temendo por minha vaidade
sinto que quantos me amam, pois eu quero ver

não sei se a vaidade é o medo de saber que estou errado achando que eles me amam
ou medo que alguém (ou eu mesma) veja nisso eu mesmo me amando
ou a vaidade é não aceitar ver alguém não concordando em achar aquilo que fiz e acho belo



se são eles que me amam ou eu que amo a mim



se eu ignoro a vaidade, mesmo a aceitando

quero conversar com quem saiba do que eu falo
ou eu falo muito fundo, ou falo mto raso
sei q sou como poucos...
na verdade todos são
todos custam a ver um que lhe entenda as sutilezas

desses corremos o risco que nos vejam sutilezas não planejadas

quem não escreve
e "não escreve" entenda por
"não s´expressa"
é conformado
roupa para pendurar
tudo que se pendura mal pendurado - cai

a gente mostra interesse por qualquer coisa do outro, esperando que ele faça o mesmo por você...
ou seja
a gente mostra interesse para poder desabafar

falar do q sei e eu só sei o q eu invento
carolzinha do msn, que dificilmente dá papo
não sei se você não quer, talvez não possa teclar
ou se é muito bela pra comigo conversar
sei que eu falando sozinho estou com cara de sapo

se eu insistir, talvez acabe levando um sopapo
mas insisto assim mesmo, será que você vai falar?
é por eu estar à tôa que eu quero conversar
e ignorado me sinto pior que um farrapo

ah, carol, parece que diz: com você eu não converso
desculpa se estou forçando em fazer verso
é que - quando falo quero que o diálogo aconteça

e se acaso você me achar intrometido
e no final for um mal entendido
só quero resposta caso você me conheça


quem mostra o belo esconde o feio

vício

o cheiro do vício, ao qual antes eu fiz força para gostar e agora sou dependente
o cheiro desagradável em outros, mas que eu gosto em meu copo
com ele acalmo meus anseios
esqueço por um instante da angustiante busca

me embriago e tudo tem um devido lugar
a sobriedade martiriza
pois não me engano - sei que tudo está perdido

um copo mais e é como se eu não precisasse mais amar
só preciso do meu cigarro
as letras me vêm vãs e fáceis

me entregando ao vício me abstenho da realidade torturante
como qualquer viciado sei que saciar o vício, que entorpece
só me faz bem

um gole, um trago e palavras vãs
agora alcancei o sonho de quem nunca sonha
sonhar é não viver
os goles e tragos me livram de sonhar e eu vivo

vivo e não espero a nada
vivo com a mente encharcada em álcool
e o álcool - agora - é minha busca e meu desejo
e essa é a hora que eu tenho para me livrar de buscas que não me levam a lugar algum
agora, e só em tais momentos, posso saciar minhas vontades
com um objetivo certo - que sóbrio não tenho

quando não estou chapado quero de tudo contar as verdades
agora eu tenho o que quero
pois só quero um trago do cigarro e o meu copo

foi-se a bebida, ficou-se o soluço
já penso, até, em ir dormir
eu canto a ti, prometido destino
peço-te: venha - e me faça sorrir
digo: meu mal foi mais querer sentir
por isso ainda hoje vivo em desatino

unge-me das venturas do porvir
convença-me, depois mostre teu hino
faça do meu coração o teu sino
me encante, e faz-me do meu mundo sair

faz-me pronto para um futuro belo
porque os tempos idos agora eu selo
e então me despeço de qualquer mágua

faz-me feliz para um belo futuro
depois mate meu ser passado, impuro
enfim, o que eu quero de ti é a tua água
o vento passou
e levou com ele minha alma
para o escuro da madrugado

me restou o corpo vivo,
mas apagado
sinto os sonhos da alma vivendo numa realidade paralela

a chuva veio
e trouxe com ela de volta meu espírito
eu acordo e sinto a áurea
de qualquer força da natureza

o que sinto agora
são as cores da lua pálida
o arrepio duma água fria

puxo num trago a brisa da manhã que nasce
fito a paisagem do mundo em volta
- e por mais que tente evitar -
carrego no peito seus males

os sons que ouço, interiormente
hora em silêncio me revelam
outra em estrondo e vãos

os cheiros que sinto do melhor perfume
me ardem as narinas, por vezes
outras - que cheiro - a água límpida
sinto um perfume com o coração

com as mãos a tocar o belo corpo
já senti pouca emoção
e já - a carregar pedras - deliciei o tato

acordado e de alma lúcida
passo dias a pensar, pensar e sentir tepidamente
e outro dia um sonho bobo me fez chorar


alma que vive e ri e morre,
para amanhecer no dia seguinte
pulsa forte e pulsa fraco


meu corpo é o corpo das árvores quando abro meus olhos
-meus pensamentos são como o vento-
quando os fecho, meu corpo é como nuvens
-meu pensamento como pedras


a força, a certeza, a segurança e o ser bruto
são a parte mais delicada e menos real
o sentimento sem corpo certo
é duro como uma rocha


e daí vou para o estresse do dia-a-dia


mesmo o bom poema e seu sentido intuitivo


a luz maior é em breve tempo
e logo a treva me cega
tudo é possível no mundo
o que não é possível é no pensamento e no coração
o Mundo me permite tudo,
o que não consigo é comigo mesmo
no Mundo faço tudo que é possível
impossível é acompanhar meu sentimento

tudo que quero faço
minhas pernas andam
meus dedos teclam,
minha boca fuma
sinto a música e a poesia que procuro,
mas não posso saber o que penso

leio quantos poetas,
ganho quanto dinheiro
vivo em quantas mulheres
de perto pareço um pateta

quarta-feira, 23 de junho de 2010

vendo as fotos

não teria força para tirar os olhos de você
você me enfeitiça e estou viciado
em te fitar e esperar pelos soluços do coração

cada instante que você viveu e eu não estive
me faz pensar num momento paralelo
com nós dois juntos

vivo nesse meu Mundo, enganado
te desejo de longe, com um amor não físico
e espero a vez de tornar, também, paralelo o teu Mundo

se a comida acabar, meu bem,
o que a gente faz?
você vai se saciar com o meu samba pois a fome,
é verdade, deixa a gente bamba

e se a água acabar, meu bem,
o que a gente faz?
peço pra você se banhar em desejo você bebe
com vontade esse meu beijo

se a cerveja acabar, meu bem,
o que a gente faz?
eu me embriago, nos teus braços, menina; e peço ao Zé,
pra trazer mais do bar da esquina



estou para crer que estou para ficar louco
tudo que penso, logo não penso mais;
e o meu juízo é como uma bússola que não se decide

se busco em mim o conhecimento, a nada acho
me desepero
e - debalde - corro a tentar achá-lo nos livros

volto a focar meu coração e a minha cabeça
vejo em mim palavras e alma nos escritos
em meu pensamento, agora, eu crio os livros, e crio palavras já criadas, e os autores dos livros que crio me criam
- depois resto só, sem palavras ou sentimentos

me atiro sem medo e sem clareza a esses descompassos
me alimentando da insensatez dos pensamentos
ser para sentir a cíclica força dos rumos, que não se detêm
qualquer mundo mais são - dispenso
no ponto do ônibus há uma bela menina
a vejo com olhos tímidos e ela me ignora
forço para me enganar com um amor entre nós
meu pensamento é um carro e o coração está no banco do motorista

meu coração me guia por estradas verdes
de alegria e família a dois
o coração da moça no passageiro, ao lado do meu
meus pensamentos indo e nos satisfazendo

nós dois marionetes de meus sentimentos
obedecendo aos caprichos dum amor fácil
- nesse sonho impossível -
você vive pelo meu amor, eu vivo por você
eu tenho você, você me tem e juntos somos um só,
um que - agora - existe em mim

ah, bela menina do ponto...
a você tive como nunca tive ou terei nenhuma
a você devorei com um amor que foi real sem existir
você foi minha, porque a você não toquei
a vida - que vem com o toque - não é de ninguém
procurando - não muito - as sombras das calçadas
dou um passo e outro e outros
parte de mim é conformismo
outra parte é displicência

vou e vou, andando a esmo
não noto ninguém, nem árvores ou carros
me incomoda - mas pouco - o sol em meus olhos
nada sinto que seja forte

vou em equilíbrio, harmonia
meus pés tocam o chão, meus braços o vento
o ar nos pulmões
em meu coração um silêncio

penso palavras que não me convencem
corro olhos numa paisagem que não me admira
vou andando, andando...
balanço um molejo morno de descrença

eu andando, a vida me assistindo
minhas pernas me levam por um caminho
meu coração caiu num desses tropeços
sigo para parte alguma

meus pensamentos e minha poesia não me convencem,
sou um artista sem coração de tigre
minha ânsia-ganância de ser violentamente - feneceu
sou um corpo vivo, carregando uma alma que morreu

nome do primeiro livro ou primeiro capítulo

palavras, instantes, enganos e caminhos
o que me acompanha
são as paredes do meu quarto,
as palavras que sei dizer
meus sentidos arbitrários

o que levo comigo
são as palavras que quero levar
sou só pensamentos
pensamentos não regrados

quem me faz companhia
são os meus sentimentos
vivo com eles e por eles vivo
às vezes risos, às vezes lamentos

sou vivo porque sou diferente
diferente a cada instante que vivo
o que eu pensei, eu não mais penso
penso pra tentar entender quem me acompanha
- meus sentimentos
o que hoje sou tendo provado o amor,
um eu descomposto e descontruído
mesmo assim, eu gostei de o ter sentido
para saber: sua rima fatal é a dor

se acha que amar é cuidar de uma flor
para ouvir blandícias ao pé do ouvido
viver para o ser e por ele ser vivido
o amor faz a gente se enganar em sua cor

amar serve para se desiludir
para depois que o amor passar, você sentir
amor não é de inefáveis bolhas

por mais que essa tua moça seja pura,
vai terminar na rua da amargura
se deixar nas mãos dela suas escolhas
isso não é poesia,
não é sentimento, nem pensamento
nem minha sensibilidade ou minha intuição
isso são só palavras

são minhas escolhas para fazer poema
eu sou curioso, curiosíssimo
não de uma curiosidade que procura
mas de uma quieta,
em que pra eu saber, eu sinto

indago sem palavras por todas as verdades
quero ansiosamente saber de todas as razões
existo apenas para melhorar o meu juízo das coisas

para isso não procuro com a mão,
nem perguntas faço

sou um expectador, que apenas sente
e assisto de todos suas ilusões
enquanto tento me iludir a meu jeito
por cada palavra a mais que uso
que vê-se um engano
digo escolher meus enganos

se cada idéia sacra que rejeito
motivo de censura
o que escolho me é sagrado

quando vejo cada pessoa
só sinto espelhos e mais espelhos
procuro uma estrada erma para não ver meus reflexos

das buscas por altos patamares na sociedade
tenho preguiça,
só quero existir

fujo de ser reflexo de tudo que me há em volta
tento ser cego pra tudo quanto não quero ver
vou sabendo que não vou conseguir

terça-feira, 22 de junho de 2010

A poesia não está no poema
a poesia não está em fazer o poema

o poema é um reflexo em más formas
do instante de poesia que fez possível a criação

por isso nenhuma palavra presta, nem nenhum pensamento
nenhum sentimento presta,
nem o que pensou o poeta, nem o que o ler sentirá

o poeta é um mentiroso que diz do que sabe que não é verdade
o que vale é o instante do engano

a poesia não em escrever, mas em sentir algo que não é real
poesia não em ler um poema,
mas em conseguir como o poeta aproveitar o momento

por achar mal essa estrofe, diria que estrago a magia,
mas acho que não
a poesia está no sentir poesia

toque

te toco os cabelos,
te alizo a pele,
te sinto a boca,
te beijo a cara,
te encontro a língua,
mas com palavras de minha alma acharei a tua;
você com palavras toque a minha,
ou eu não te toco mais
"Entendo que a poesia é negócio de grande responsabilidade, e não considero rotular-se de poeta quem apenas verseje por dor-de-cotovelo, falta dinheiro ou momentânea tomada de contato com as forças líricas do mundo, sem SE entregar aos trabalhos cotidianos e secretos da técnica, da leitura, da contemplação e mesmo da ação. Até os poetas se armam, e um poeta desarmado é, mesmo um ser a mercê de inspirações fáceis, dóceis às modas e compromissos'".

Carlos Drumond de Andrade

na verdade nem sei se foi ele, mas onde eu achei dizia que foi
ao pé duma árvore de muita sombra
penso em possíveis ancestrais
que deixaram quantos exemplos
um exemplo para cada coisa
uma regra para cada instante

suponho todos os sonhos já sonhados
imagino tudo o que foi criado
me sei livre para escolher o que está aí
crias antecessoras, para mim
baldeo entre elas, sem as ver bem


existo pelas ruas andando
encontro um companheiro de caminhada
ele me pede favor:

- eu sou um eu - que sou - muito eu
eu não posso aceitar pedido
caminhe ao seu lado e eu ao meu

ele não aceita fácil
e se sente muito atraído (mistério?)
coisa simples - dessas simples - por que não ajuda?

- ando o meu caminho
quero cá comigo e só estar
por mínimo que te pareça, é o meu sentido

- e se tão simples é,
não vejo por que se dá a tal trabalho
dê outro jeito que não me abalo

dito assim, o outro segue rumo
será mais gente e saberá melhor andar por seu prumo
eu com o meu, que quero incerto.

mais que outra - coisa - é certo
- não fiz nada a fim de que crescesse
e senti um aperto quando o neguei

mas certa é uma coisa
me saber sozinho,
me saber apoiado como quem não precisa de apoio
não do que me oferecem
um na estrada solitário
de companhia a paisagem
montes, céu, lua, estrelas
o carinho incapturável dos dedos de vento na cara
mesmo, curtindo o que a vida oferece,
sempre em meditação para apenas sentir, sem a nada alterar
- pois não o faria mesmo querendo -

das pessoas, como pude, me despedi
dei tchau ao patrão e à família
vivo em mim, sozinho
uso do mundo o que posso aproveitar...
Estou certo. Ciente.
Decidido a achar esse ser o bom caminho.
Me repito isso aos montes;
quanto mais estou só, mais estou independente
quanto mais caminho à minha maneira, mais estou satisfeito
mas não mais me engano
- me sinto num constante estado de tentar a nada buscar,
estou contente, mas não estou saciado
a cada dia mais abro mão do que é comum,
mais caminho em sentido contrário ao que é regra -
pensava me desapegar, mas não
esse que escolhi ser, apenas sente uma falta maior que a já conhecida
um vazio mais forte
largando o conhecido, o caminho já iluminado e habitual seguido
pensei que sentiria de modo mais sublime
da terra conheceria os segredos,
das línguas seus mistérios,
dos homens suas razões;
mas de nada disso eu sei, e agora não tenho um amor para me apegar, um amigo pra eu apoiar...
abri mão da razão torta dos homens e não achei razão alguma em seu lugar;
me restou, se muito, uma angústia em meu peito;
que não expresso nem por palavras,
nem pelas razões dos homens;
mas que todos já conhecem

segunda-feira, 21 de junho de 2010

viver é me deixar manipular, é me apagar um pouco mais a cada dia,
é esperar a morte fazendo o que não escolhi fazer, é me deixar levar achando que estou me guiando
o que eu penso é grande demais para as palavras
ou é tão pequeno que não vale nada
me sinto uma lâmpada apagada, ou uma lâmpada qualquer que acende e apaga por uma força alheia
uma árvore e posso fazer tantas escolhas como pode uma, que existe para compor a paisagem e esperar para morrer
existo para sentir e para pensar, passo os dias sentido e pensando
e percebo que o melhor é não formar idéia de nada, que sempre me engano; acho que estou num sonho, ou a vida é demais para eu a perceber
não vejo qualquer sentido nas coisas, que ocorrem aleatoriamente e sem minha ajuda
o que às vezes acredito fazer, saber, dizer, depois de eu existir mais uns instantes, descubro não terem sido minhas escolhas e nem o meu juízo de tais coisas é certo
assisto meus dias como um expectador desinteressado
o que eu sei, agora, não tenho como dizer
eu sei o que sinto e o que penso
e isso não cabe em palavras
A vida é gestos, emoções, escolhas e todo o resto
quando digo de palavras, falo disso tudo
mesmo com tudo isso, não há como eu me expressar
as limitações são tantas que não há como eu me expressar
se eu escrevesse coisas sublimes e heróicas, inspirado pela Musa, ainda assim seria um engano


sou só palavras que nada dizem, nada sabem, e se olhar bem, nem sequer são minhas

Eu trago na boca muitas palavras
palavras que ferem e palavras que consolam
quem se deixa ferir ou consolar, se engana
palavras são só palavras

o que eu digo não vale nada
digo apenas palavras
digo de amor, alegria e ódio
a responsabilidade de dizer não é maior que a de entender

eu sou só palavras e valho nada
a vida segue, sempre, independentemente do que eu diga

eu falo muito sobre pouca coisa
o que eu falo eu não sei dizer
fazer versos é meu jeito de viver

digo de como eu vejo, do que sinto
sou tudo o que digo, disso me faço
me banho em sentimentos e em pensamentos
o que digo não vale nada

digo porque tenho que dizer
fazer versos é o meu jeito de viver

não se alegre ou se entristeça com o que digo
o que digo não vale nada
a terra gira, a rádio está no ar
muitos carros andam pela cidade

o que eu digo não impede a nada,
também não provoca a nada
do que eu falo eu não sei dizer
fazer versos é meu jeito de viver

sexta-feira, 18 de junho de 2010

sinto, é que pra cada pranto ou lamento,
me console uma brisa, um luar,
sei que meus pensamentos vão com o vento
e o que sinto se perde no ar...

sexta-feira, 11 de junho de 2010

se o que faço é suspirar e reclamar
é porque não tenho você para me amar
e se os meus olhos eu fechar
quero ter você ao acordar

quinta-feira, 10 de junho de 2010

tenho a cabeça virada, o que penso ou sinto não tem par
eu sou este eu estragado que me deixo flagrar
ontem, pelo menos, eu aprendi a beber cachaça.
a cachaça de matéria, com muito álcool e me deixa tonto...
na vida bebo uma cachaça ao contrário
digo de um relacionamento em que se gostem
os primeiros goles, não difíceis, mas embriagantes
o tempo passa, você vai bebendo e sentindo mais a sem-graceza do real
começo a beber cachaça, e no começo eu acho ruim....
me envolvo muito - casal, cambaleo, o começo ótimo, ao fim vomito.
a semelhança: começo e meio varia entre começar e meiar pelo bem e pelo mal, mas, pelo fim, se exagero em um ou noutro, estou ruim
ganho sempre se pondero
ssiga aqui quem não se importa em seguir rascunhos; hora ou outra crio outro que só leve os que eu considero prontos; aí eu faço propaganda.
quantas mulheres tive, que não toquei
as que toquei não tive
o toque dá a vida
a vida não é de ninguém

quarta-feira, 9 de junho de 2010

época de pseudo-banda - das antigas (ainda sem título) II

venha para mim,
que hoje a noite está mais fria
vem mais que sempre
e com os braços mais abertos
vem porque meu samba te espera

vamos tocar o pandeiro, o violão
a cuica e o cavaquinho
venha
e dê sua voz pra mim

cada instante com você é mais quente
você mexe devagar
e como mexe bem
e se demora?
me esfrio mais que um luar

se vem de dia,
você é o meu sol a gente conversa e dança
à noite
é melhor que é mais juntinho (é melhor)

vem...
vamo tocar o cavaquinho, (vem)
está te esperando o violão
fiz a barba, ajeitei o cabelo, com meu melhor sorriso (vem)
hoje eu pego na sua mão

você canta mais que as sereias
que toca, que me maravilha, o violão
vem pro samba, hoje, menina
deixa eu pegar na sua mão

época de pseudo-banda - das antigas (ainda sem título)

eu estive na sua,
já faz muito tempo
eu tava verde...
agora eu penso e vejo minha chance,
você não escapará

então vem!!!
que você já me quer,
vem e nunca mais vá
faça o que tem que fazer
faça comigo,

eu sei que você não resiste
e faça denovo, do jeito que eu sempre quis
faça como sempre fez
apareça com aquele biquíni,
e faça charme sem querer

mas vem!!!
que você não resiste,
vem!!!
meu barulho te ganhou

quando você me via todo dia,
eu pra você era bobo...
mas há tempo que você não me vê
agora quando me vê, eu sou um possível fã
como você gosta!

agora sou muito mais
agora sou mais que você sonhou
como eu te pego e te olho,
não tente que não consegue fugir

eu te dou atenção como ninguém deu,
te ouço como você não quer
às vezes não te dou atenção
nunca falo o que você quer

seus braços e sua cintura,
tudo que vem de você,
seu sorriso com a língua pra fora
é tudo que eu quero ter

mas não, não vou declarar...
te ganho com pinta de cafajeste
se não te falo o que você quer escutar,
te ganho mais

você sabe que o que eu sou é o que você sempre quis
que você não tem como escapar
suas amigas não me querem pra você
e você naõ quer nem saber
outro dia um disse ao outro:
- eu tenho dinheiro
ao que o outro:
- eu tenho linhas:
o um:
- eu, querendo, tenho mais chance com a mulher que você
o outro:
- eu duvido
podia dizer que um teria mais a mulher que quer, o outro a dele.
digo deles e das mulheres
o outro me disse certa vez:
você é medíocre, e concertou,
não você, mas você leva uma vida medíocre
mal sabe dos suspiros que me cortam o peito, que nunca vi igual
mal sabe que todos os dias meus pensamentos traspassam montanhas,
e que eu sinto o mundo inteiro entre meus ouvidos

mal sabe que estou para o grandioso, que assim vivo
mal sabe que em mim construo dez andares por dia,
a ele tudo que faço é invisível
ele até me percebe uma cabeça afortunada,
mas não me vê os objetivos e nem sabe que os tenho

ele vê o que eu poderia ter
vê como eu me desperdiço
me vê num vagaroso suicídio
mal sabe que a cada dia mais vivo e que o caminho que escolhi me leva onde ele nem pode pensar;

parece a ele que só acerta quem segue as regras
e não consegue saber que cada um faz as suas
a ele só existe a regra dele,
já do que ele vou mais longe,
por saber do que todos dizem e poucos sabem
que pra cada cabeça há um guia
o ser marginaliza a gente, pensa que a está ajudando.
é melhor quem obedece melhor;
eu nunca bati de frente, nunca briguei - exceto nas últimas que já tava na tampa!
vem me dizer que me ajudou
ajudar: dar apoio? socorrer? facilitar?
me ajudou de quê!
tudo que eu fiz foi tentar fugir; fugi constantemente...
quando precisei e pedi, aí a tive, mas já estava ajudando um marginal esclarecido
agora, que inda faço pela margem...
me ajuda de quê?
eu sofro um olhar de cima;
estou sempre meio humilhado
e insistir para conviver?
que maluquisse é essa? pois só se entendem de longe.
mas não diga que me ajuda, nem que me entende, porque não faz nem um nem outro
eu creio e muito na sua vontade e na sua ânsia em me ajudar,
como acredito que um poeta sem inspiração sente, mas não consegue fazer versos,
para ajudar, preocupar em compreender
e você sempre teve muito a oferecer, mas não preocupou em receber
os pais deviam aprender mais com os filhos,
ou os adultos com as crianças...

há tanto que me sinto marginal
eu, agora, assumi a minha própria marginalidade,
não quero me convencer e nem ouvir;
quero ser como sempre fui torto, mas agora sabendo
ser inteiro e isolado
ser para mim, pelo que quero ser,
para ser, realmente
me entenda quem queira entender,
mas não ligo muito se compreende

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o outro me disse certa vez:
você é medíocre, e concertou,
não você, mas você leva uma vida medíocre
mal sabe dos suspiros que me cortam o peito, que nunca vi igual
mal sabe que todos os dias meus pensamentos traspassam montanhas,
e que eu sinto o mundo inteiro entre meus ouvidos

mal sabe que estou para o grandioso, que assim vivo
mal sabe que em mim construo dez andares por dia,
a ele tudo que faço é invisível
ele até me percebe uma cabeça afortunada,
mas não me vê os objetivos e nem sabe que os tenho

ele vê o que eu poderia ter
vê como eu me desperdiço
me vê num vagaroso suicídio
mal sabe que a cada dia mais vivo e que o caminho que escolhi me leva onde ele nem pode pensar;

parece a ele que só acerta quem segue as regras
e não consegue saber que cada um faz as suas
a ele só existe a regra dele,
já do que ele vou mais longe,
por saber do que todos dizem e poucos sabem
que pra cada cabeça há um guia
ela é bem sociável e está feliz em dar chace às pessoas; quem dá chance de outros se aproximarem, tah disposto a ser amado
pode parecer bonito, mas esses, que são mesmo para um bem romântico, não servem pra nada; esses a tudo veem belo, ou possível de ser; para conhecer uma pessoa, o mundo, não se pode ser iludido. tem que saber do mal e se importar pouco.
há muitas palavras para se dizer muitas verdades.
esse mundo está perdido; há jovens metidos a revolucionários que só querem dormir; há outros que tentam se livrar do egoísmo - onde se viu uma terra que tenha ordem e progresso sem egoísmo - esses pensam que são ripes; e há uns poucos políticos e empreendedores; mas todos eles são uns frouxos; algo de que não se pode abrir mão é da guerra; um pequeno custo - de poucas vidas - mas um grande benefício para a sociedade; cada um toma seu lugar devido.

terça-feira, 8 de junho de 2010

quero me enganar de outros jeitos; não quero crer que haja alguém que me complete; acho é q não estarei completo nunca; e sempre haverá mais coisa feia que bela...
o ser humano sente uma tentação em pensar que a vida é bela...
saiba que não; há coisas que se tenta escolher, mas saiba que não...
sofrer por qualquer coisa é bobagem; amor não existe...
o mais que existe é algo que mais esvazia que enche...
me engano cada dia menos, vejo cada dia coisas mais feias, mas nunca me desenganarei por completo!
sempre pensarei que há algo de bom, mas não tanto que me alegre...
do que eu riria? que me faria feliz?
não há nada que me acuda e nem se eu vivesse sete mil anos conseguiria qualquer coisa...
felizes são os cristão que se enganam bem, tentam ver que há sempre algo de bom em alguma coisa...
esses ensinamentos que enganam.
acho até graça; nem com tinta de ouro pra pintar todo o mundo haveria algo que dizem.
bom não é nada
as pessoas procuram tanto o mundo...
uns procuram tanto sentir pelo lado de fora...
outros vêem um mundo interior muito mais vasto
e quem não concorda, dificilmente não oprime
está certo é quem percebe a materialidade de carros e casas...
amor nunca encheu barriga de ninguém
qualquer um vive de alma vazia, mas não se sabe de quem viva com a barriga vazia...
quando digo de amor, é com desdém, acho que o confundo com uma outra sensibilidade que não de nariz e olhos
quem vê o quê, escolhe assim...
os outros preferem enxergar com o sexo, com a boca
um amor de ouvidos e tato.

paixão é outra coisa, que também carrega espada,
mas esse sentir sublime, contemplando os pensamentos;
isso não leva a lugar algum,
não faz líderes ou algo que valha...
o mundo é o que se pode ver, o que se pode morder,
o que se pode socar,
esse mundo de sentir o que não deram nome
e mais pensar - isso não é vida
que vida há senão a de me embriagar?
há loucas cabeças que se drogam mais com algo que sinta e não sabe falar
do que com carros - coisa de louco

entre outras coisas, o camarada vai querer viver frustrado?
de passar o dia a pensar e sempre saber que nada vai pensar que resolva.
e o meu tênis da moda?
menos ainda - a barba e os cabelos bem cuidados
e trabalhar? passa a vida à tôa?
o dia pensando e no seguinte pensar diferente, e, assim, sempre?
o que um desinfeliz desse tem?
e se todos têm o que escolhem, porque esse escolheu isso?

vai amar a vida que é normal de amar...
amigos e mulheres e o que se reparte...
sai dessa mentira de achar que importa o que você pensa ou sente, que não importa nem a ti
vai viver em vez de ser vagabundo

segunda-feira, 7 de junho de 2010

nada é tanto que não possa ser dito em um haikai
nenhuma cama é muita para uma manhã de ressaca
o passarinho vôa, mas ele e a galinha têm asas...
nunca se saberá qual deles é mais feliz

haikai

eu fico feliz com os versos que me dou de vez em quando
às vezes
com eles e com meu cabelo bagunçado
Aproveitar como se fosse o último
ficar
ficar e ir
ficar e ir e ser
tive sorte
costumo ter sorte
tive a sorte que costumo ter
eles fazendo o barulho deles por lá
me faz feliz vê-los se entendendo
brindemos!
tanto há
não falo dos sorrisos, mas como gosto
e ser sincero, acreditar que sou
saber quem de mim agrada
só ser, me importando pouco
a festa finda, o dia acaba
sentido não há
sobra uma falta, uma ausência
morder a língua e puxar o ar é o que me resta
Eu puxo um ar que não me vem
sinto falta de tanto
não há o que me acuda
mas eu me apoio em qualquer coisa e finjo que vou
olho bem, e o mundo não tem nada a me oferecer
o que eu sinto eu não sei dizer
o que eu penso não é o que eu acredito pensar
Há tantos caminhos
há tantos caminhando
há tantos apoios
essas crianças e o que delas será
que o futuro lhes reserve a sorte que eu tive
e as proteja do meu azar
a festa acabou e eu estou rouco
estou como me agrada
estou vivo, há um pigarro
não há felicidade, nem azar, nem tristeza
há um constante me enganar
eu vou e sou
há tanto que eu não posso contar
não posso porque não consigo
eu tenho o que me resta
só posso ir
- vai começar!
- vamos embora!
- está dois à um
hoje eu ganho
estou ganhando
eu me achei, me sei, me acabei
sou isso, de aproveitar ao máximo,
como se fosse o último
há tanta gente boa
e há os que mesmo não o sendo, o são
e o que há para mim agora, que a festa acabou?
não quero me preocupar com a estrutura
Pessoa já dizia que escapoliu pela janela
de trás da educação que o deram
o que me resta agora, que a festa acabou?
só me resta ir
só me resta ser
aproveitar a sorte de ter comigo tanta gente boa
esse eu que sou meio torto
por que - raios - eu falaria de amanhã?
Eu vou lá me privar de tudo?
eu só muito quero saber do que há
o que há, que não vejo?
por que, em mim, há tantos porquês?
hoje eu vou ter um filho roxo
me esqueci das rimas
parece que brigo contra o senso
agradeço tanto meus braços esfolados
ainda bem que eu vim
vim e sou
já não sei se vou
agora eu espero
o que será?
o que o charme tem a ver com isso?
o charme é de querer viver
falhas e faltas
- Está dois à um!
o que me falta, por que me falta tanto?
não quero meter corante, me dê a cor real
vejo corante em tudo quanto há
a cor de corante me parece ser a cor real
tudo me apraz, que só vejo gente boa
quem é companheiro como um cachorro?
vamos gastar tudo!
não pensemos no amanhã!
gastar o de um, ou o de outro
não consigo perceber nada como sendo de alguém
eu não sei do que eu sinto falta
me faz falta algo que não é meu
o que tenho eu?
me restam versos sem rima
sinto falta do que eu vi e do que não vivi
não sei reto do que me agrada
me faz falta algo que não percebo
"não sei porquê nem sei do que sei"
a voz do Tim já disse que vale tudo
vamos, agora
vamos embora
as palavras se variam e se repetem
falemos a mesma língua
uma língua de sorrisos, que gosto
falemos explícito, sem usar de palavras
algo que não sei ao certo me acode
será que há o bem e o mal?
quem vem ralhar comigo?
já não sei do que quero
era pra eu saber?
quanto a mim, digo que já me valeu
o que me resta?
eu me acostumo
faço o que for e me acostumo a quê?
vamos!
vamos ser
quando a gente pensa muito ela é pouco
seremos sem pensar para ser mais
perguntemos o que há
que há que me valha?
o que faço eu pra ser?
sem querer digo do que não poderia deixar de ser dito
iremos
me complica ter para dizer o que se não diz com palavras
falo e ando
vou...
eu sinto falta é do que eu não senti....
me venha tudo...
que o sentimento abuse e use de mim....
que sinto e não sei?

terça-feira, 1 de junho de 2010

versos são como os filhos, que nunca são como a gente queria.
e atrapalha a gente não saber ao certo o que quer pra eles


sou pela religião, religação;
Cristo é bom exemplo, mas não digo de tanto.
falo da crença nos sorrisos;
a

um pavor que me faz apertar bem os olhos
eu mordo a minha língua
sinto o sangue fluindo e me esquentando os dentes;
morno e me engasgando,
minha língua, agora, enrola e eu me engasgo mais

uma descarga energética no meio da minha cabeça,
que me faz contrair os dedos e ferir com as unhas longas a palma da minha mão
eu me encolho em posição fetal, depois esperneio e agonizo
numa repetição eterna...
estar nesse estado e me sentir bem;
desafiar a morte como experimentando o submundo de Hades,
lá mesmo encontrando o céu...
muito do que escrevo, percebo ser continuação de algo que dava por acabado, então, não sei aqui se junto os textos e posto um acabado e final, se concerto os de antes, metendo neles o novo fim, ou se faço diferente.
tudo o que posto aqui está mais para um rascunho feito à pressa, que algo acabado;
não é de se estranhar, então, que os posts estejam vivos; e há, também, o que prefiro deixar como rascunho.
a escrivaninha do meu avô,
e uma bagunça dele de papéis,
lembrança que trago da infância,
que me desperta a simpatia pelo eu que fui quando era criança

via tudo de mais de baixo,
e era de uma alegria que não conhecia o mau;
era divino, feito toda criança,
e com isso eu simpatizo.

a gente acha que caminha,
mas a vida se conduz por só,
aquela escrivaninha e seus segredos,
aquelas estantes com livros sagrados...
uma cabeça de peixe empalhada - que monstro

nunca desvendei nada daquilo,
que - como agora eu o digo -
aplicava em minha cabeça frágil o aroma dos ares de coisas de adultos,
eu sentia uma curiosidade tímida:
de que tratariam quantos papéis e livros?
a cabeça de peixe foi troféu de pescaria de meu avô
esse meu avô guardião do escritório
agora mesmo não desvendo aqueles instantes

desses livros poucos eu conheci depois,
já não tinha a admiração infantil de antes,
já tinha algo de entender coisas de adultos que não se dá com a admiração
a essa hora era uma inclinação
ao respeito que merece o meu sábio avô

esse escritório que figurou em minha infância,
os livros que não li, tudo aquilo que rejeitei,
os prazeres, mesmo, aos quais me entreguei.
todo o mais que me ocorreu,
minha vida se alimentou disso e vem se fazendo,
importando pouco o que eu tento racionalizar
a minha cabeça é um quarto escuro
eu sou um alheio ao mundo
eu faço tudo quanto me ocorra,
me entrego aos caprichos dos pensamentos

sinto que a vida é entre correntes,
viver é tentar me libertar,
sei do belo, do profundo, o sinto,
sinto entre amarras, que não me deixam bem falar...

quero que a minha cabeça se esvaia,
em um luto que eu não sei de quê,
de ver morta a semente
que a gente enganada acredita crescer...

sei quanto mais que estou preso,
que o fazer o que queira é um engano,
sei que sou, sem saber,
um produto, coisa que já nasceu feita,

por quantos caminhos escolha ir,
para viver, me ver livre...
sei que escolho caminhos que não posso seguir,
sou de tudo uma farsa, um desinfeliz;

minha vida é cantar minhas mudanças
verso sobre certezas que são talvez
dizer que por onde ando, me engano...
e erro denovo, se tentar outra vez

e me dizer vivo, porque o sou;
um ser preso que se angustia
onde creio ir não é pra onde eu vou
sou que não sei se noite, ou se dia