e a grande pergunta: quem sou eu?
um caminho, de muitos, a se percorrer... uma força, talvez... um convite à solidão... voltar-se para si, e ecoar

domingo, 1 de agosto de 2010

nos ocupa um silêncio na alma
a gente só pode ver as estrelas
sentir o ar frio da noite
escapar dos pensamentos e abraçar a vida agreste
o calor e a estrada poeirenta
as plantas ressecadas de sol
o frio da madrugada
o córrego como um chocalho incessante embalando o sono da noite
passos abafados do gado
cada impecilho da vida da roça é uma fruta a ser devorada
e eu estou sedento
quero debruçar sobre cada problema
saber de cada

sexta-feira, 23 de julho de 2010

não quero saber do que se sabe para as coisas, mas do que se é para cada
quero todas as provas de fogo
até as em quais vou ser reprovado
qualquer coisa que se queira o torna ridículo
o querer
o contato é tanto que não pode ser oferecido
tem que ser pedido, exigido

quem pedir, favor seja longe dos meus olhos
aí pode pedir, mas não quero ver

ai, quem eu gosto e não gosta assim de mim
ou gosta, mas tem outros nortes

odeio quem é tão forte
gosto de quem se dá quando eu peço

não se deve pedir
eu peço, alguém mais pede

há de mais forte a vontade de pedir
quero carinho, afeto e contato
nada é mais ridículo que a carência
por ela dá-se a cara e a mão ao inimigo
e indiretas todas que puder

sou só, estou
a cada dia penso, sonho e quero
sonho não estar

faço-me ridículo
faço-me carente
insisto com não devo

ponho as mãs, ponho a boca
mais é orelhas e cabelo
estou ridículo e só e insisto

e quero e sinto falta
e estou só
ponho a mão e os pés

me encosto, me encoxo
estou só
continuo só
"nada do que foi será denovo do jeito que já foi um dia"


calar a boca e mexer os dedos


terça-feira, 20 de julho de 2010

eu queria tanto ter gostado de teatro quando eu era novo
agora já estou preso à globo
no teatro é tudo mágico, tudo mais real e mais democrático
eu queria ter gostado de dança quando eu era novo
agora não frequento que não me habituo
mas a dança é mágica...
eu tenho a globo
como emociona ver o esforço dum artista,
e se for dos bons, emociona mesmo
e se tivesse feito umas aulas de violino, eim?
agora não que isso se tem que fazer desde pequeno
eu tenho a globo desde novo,
fiz globo e fiquei bom em globo
eu tenho que ir, tá na hora do Jô


ah, a imprensa, que deu lugar ao rádio e à televisão e à internet...
ah, os meios de comunicação...
hoje eu estou nostálgico...
a quanta informação nós temos acesso...
ah, a cultura...
os costumes da cidade, a tecnologia...
rir de tantos vídeos na internet
acompanhar o caso Bruno de perto
controle remoto e preguiça...
a cidade é tudo
tantas chances e ciências e tudo tão ao alcance...
o Mundo é tão vasto, tão cheio de descobertas e está tudo tão perto graças à tecnologia
como fazem bem os meios de comunicação
só não me decidi ainda entre vale a pena ver de novo e aquele filme do Van Damme

eu gosto do meio de comunicação é assim: democrático
não podia estar mais satisfeito
eu tenho todos os meus leitores que queria
acesso à qualquer de todos esses shows da moda para me educar (e meus amigos não podiam ser mais amigos)
eu posso escolher entre a novela da Globo, o Datena e...
eu não tenho nem informação para fazer minha ironia, de tanto que eu passo longe da tela
parece que com isso vão me diminuir os leitores
gente, volta... ei! psiu!
puta que pariu pra televisão e para os eventos de massa!
puta que pariu pras informações as quais eu tenho acesso
não sei se eu falo do pão com circo ou de nem sei o quê

energia

é preciso energia para fazer as coisas...
o ki é a parte científica
a prática é a arte

ciente da energia que há, se chega
gastar a energia com engenho
sabendo da sua infinitude de possibilidades
o corpo responde e agradece

músicas, teatros, letras, danças

a arte é saber usar a energia para viver em gozo
é ver nada e enxergar a plenitude
e daí dançar, de olhos fechados,
dançar até o limite,
e dançar muito mais, e fazer mais do que faz
com força e ranger de dentes mental
pronto a vomitar, explodir
ir além de próprios limites e se esgotar

depois é um riso interno
a energia que se gasta, como se gasta, deixa marcas sublimes, aparecem anjos

eu disse do vulgar e mal exemplificando
a tal sensação nos faz nos sentirmos inteiros como os apaixonados
e nela se chega só pela energia que não posso nomear melhor...
para saber melhor, concentrar de olhos fechados, a mudar de um pensamento para outro, a todos rejeitando
nada fixe
quando não pensar em nada
e sentir no peito controlar a força da angústia e a paz da alegria
se expresse
em piruetas diárias,
por malabários de circo,
por vôos quaisquer sozinho

nada do que eu disse vale, senão por um momento
em situações extremas somos mais artistas que nunca
a energia leva ao limite, mas isso é só uma parte
há que se valer dos instantes
mas nada dura e sempre sai algo errado



enxergar melhor é perceber que se pode tirar algo significativo do que parece bobo

incistência é metade da coisa, a parte física, a outra é dissernimento

segunda-feira, 19 de julho de 2010









ah, com que olhos eu te perdi?
que desafeto me permitiu largar tuas mãos?
como pude abrir mão do teu sabor?
como me deixei reprovar em satisfazer teus caprichos?

ao começo, tudo tão tenro e lindo, a beirar o sublime
satisfizemo-nos tanto e tanto, que a satisfação perdeu o sentido
e outras aspirações nos deixou a convivência impossível
ao cabo, já esgotados, nos separamos

sem ti a vida foi uma tempestade,
que passou e deixou em mim estragos
que depois de reparados
mantiveram a marca da tragédia

fiz-me só e descrente
vazio e melancólico
meu maior sentimento
de me tirar suspiros
é a lembrança de quando fomos satisfeitos
eu sou o riacho manso descendo
num frescor por meus pensamentos
sou o fogo a devorar com os olhos
lindas mulheres, como a uma mata seca

eu sou a árvore paciente
servindo de paisagem para a vida
eu sou o louco furioso
com uma razão que só eu entendo

eu sou o vento rebelde indomável
indo por imprevisíveis caminhos
sou o filhote de pássaro no ninho
sem saber voar para buscar comida

eu sou o espinho da flor
sangrando quem me toca
eu sou o lobo faminto
comendo o pequeno pássaro que caiu do ninho

eu sou a água em seus três estados
gelando, aquecendo e molhando
sou um homem que busca ser
o que sente ao sabor da brisa
a todo o tempo me encontram as dúvidas
sempre carrego mil incertezas
a segurança que eu tenho é fingida
e eu mal confio em meus amigos

a tudo isso vivo, revivo em pensamentos e sofro
há alguns enganos que escolho para me satisfazer
o resto é um engano maior, que me escolhe e eu não vejo
mas a certeza única que há é mais forte que tudo

há algo que sei e me dá prazer
me ocupa e me faz inteiro
o que me consola sublimamente
é a certeza de meu próprio me saber vivo

terça-feira, 13 de julho de 2010

a incredulidade arranca das plants as flores antes que tenham desabrochado em toda a sua beleza

segunda-feira, 12 de julho de 2010



nós somos memórias ambulantes, que não registram fatos repetidos

onde estará perdida a sublimidade que pertence a mim, Meu Deus?
em que esquina estará a chance do meu feito da vida? aquele que me fará reconhecido, famoso e rico? ainda que fosse um pedaço de terra para plantar com minhas mãos o de comer; para o meu orgulho, teria as mãos fortes pelo trabalho. Mas não me oferecem terra... e em que parte dessa mina de ansiedade estará meu diamante bruto escondido? para a guerra da vida do dia a dia, como me armarei? e por que estou em guerra, e por... tá tudo fudido... já era... não vou ter a paz que busco, não serei artista reconhecido, não me aceitarei como eu sou, nesse mundo que não consigo me fazer satisfeito (se bem que quando eu encho a cara de cachaça eu não sinto frustração nenhuma) - é pouco! eu não tenho paciência pra aquelas baboseiras de faculdade e passar a vida como operador de telemarketing, nunca! prefiro morrer... e é por isso que eu tenho aqui esse papel e essa caneta pra escrever meu bilhete suicida, e esse chumbinho pra matar rato, que vai matar um rato bem grande
como desejar essa pessoa que não toquei
beijar esses lábios mil vezes, que nunca sorriram
essa alma sem corpo, que me assombra

como fiz-me crédulo de tal sonho,
que dia e noite me invade o coração
e aos suspiros e lamentos me tornei escravo

esses cabelos enrolados e sem cheiro
a cara de olhos lindos, negros e profundos como o vazio
em seu vestido de sêda e mistério

por onde entrou esse desejo
que corre com meu sangue em minhas veias
e me embriaga de algo que não é amor

sinto seu cheiro de distância
a espero, buscando em mil olhares por dia
metade da outra alma que existe em mim

sábado, 10 de julho de 2010

eu aceito, sei, sou e vou; e ainda faria melhor.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

repetições

para ser inserido ao tíitulo
eu não sei se quero dominar o que sinto
às vezes quero saber bem de alguma coisa
não sei por que seria feio me repetir e dizer
sinto, sinto, sinto, sentir, sentirei, sinto?
não, não, não, não sei! não saber, não saberia?
por que tentaria outro nome se quero dizer coração
sentir com o coração, sem saber o que sentir
controlar o que sentir é por ter o coração quebrado

ou sentir, somente...
apreciar, me deixando a cara para quebrar
eu não me decido
e caso eu me decida, evitarei qualquer agonia?
e caso eu quisesse dominar o que sinto?
conseguiria?

a minha vida vai em tentativas
mas não sei o que quero tentar
e, ainda assim, minha vida vai?

e a agonia, seria melhor se fosse evitada?
não sei, não sei, não sei
nada sei, mas acho que agonia é uma palavra vaga
que várias espécies de apertos alcançam meu coração
coração, coração, coração
é ele que importa na vida?
não sei, nada sei

há o tempo, há várias espécies de tempos
ao tempo do dia a dia será que me perco por muito em devaneios sobre o que sinto?
que isso me renderá além de versos?
não sei, nada sei

quarta-feira, 7 de julho de 2010



escrever antes por obrigação, que por inspiração
essa vem se por insistência, senão pouca
à hora de mirar algo tudo é válido

cada nadinha, que a olho nu não se vê
há que aparatá-lo
e com óculos de sensibilidade e imaginação
enxergar das coisas a fantasia ou a nudez

vezes há de a guia ser mais interna,
e tirar cada fato inteiro do absurdo não tocado
outras vive-se com a pele momentos tão lindos,
que são por si só poesia

quanta poesia há que se ver em uma fotografia
que - em preto e branco -
despenca do painel à cama
feito minha alma descendo à vida
ou meu bem caindo do meu coração ao meu pé

e então tentar treinar perícia, mas sem regras
de resto versos, que são melhor lidos de olhos fechados


a flor desabrochada é mais sensível que o botão
a flor desabrochada é mais bela que o botão
a flor desabrochada é mais frágil que o botão
a flor desabrochada é mais cheirosa que o botão
a flor desabrochada é mais poesia que o botão

vai! vai! desabrocha, meu coração!



hoje eu preciso de um amigo
mesmo que seja uma folha em branco
que aceite qualquer desabafo

quero pôr pra fora o que sinto
mesmo sem saber o que se passa ao certo
nesse universo que é meu coração

ando por ruas que têm nomes de flores
encontro bichos celebridades
caminho ao passo das folhas

vou com as pernas da imaginação


eu tenho um sapado furado
mas dele não abro mão
a ele usei até furá-lo
como poderia agora dispensá-lo
como se nunca o tivesse feito útil

meu casaco desbotado
eu usarei até acabar
quero vê-lo desmanchar
quando o lavar pela vez derradeira

quanto às minhas roupas de baixo
delas nunca me desfazerei
guardam de mim meus segredos
as deixo escondidas bem junto a mim
tenho medo que revelem a alguém o que não quero que ninguém saiba

nada há de mais poético que o sopro
sopro da brisa, sopro do vento
que às vezes se faz suspiros

não há nada como um suspiro
que enche o peito de vida
e espelha mil desejos sem fala

não há nada como a fala
que me permite usar de palavras
para chegar ao ouvido das moças

não há nada como as moças
que uma hora hei de ver nuas
mesmo com olhos da imaginação

não há nada como a imaginação
que me faz rei dos meus tantos Mundos
que me faz ser ou ter tudo que quero
mesmo moças que não existem
e com ela, ainda consigo tirar de mim suspiros


teus dedos lavam teus cabelos
a água te escorre pelo teu pescoço
a toalha te esfrega te enxugando

estás nua e bela e perfeita
estás como quero que estejas
mas não ante meus olhos

tu, moça que não tens nome
me despertas ardentes desejos
mesmo não existindo fora da minha imaginação
quero ser como a árvore
que abriga os passarinhos
protege galinhas
e me mexer ao sopro do vento

quero ser o passarinho
me abrigar em árvores
dividindo galhos com galinhas
e voar ao bafo do vento

quero ser a folha seca
que cai da árvore ao sabor do vento
entre passarinhos
e me misturar às minhas irmãs no chão ciscado por galinhas

quero ser o próprio vento

que balança as penas das galinhas
ajuda no vôo dos passarinhos
e arrancar folhas sêcas das árvores
estou para qualquer sorriso
mas não os quero
quero uma qualquer brisa
que me lave a cara da poeira da insônia

meus olhos há dois dias não se fecham
meu pescoço arde
meus braços sonolentos

quero beijar a boca do futuro incerto
caminhar sem rumo
abraçar a brisa

quero uma noite de sono bem dormida
quero sonhar com sorrisos amáveis
de uma boca que não beijei

o futuro que me venha incerto
caminho um rumo que é só meu
não sei onde irei dar

tenho no peito poucos desejos
desejo apenas caminhar meu caminho
que é louco para quem não é sensível

não sonho em ser rico
não quero um bom emprego
vivo pelos meus versos
que são como sonhos faltando letras
se vejo um corpo,
penso em beijo
me iluminando o sol
quero paredes

a lua atravessa o céu
me vêm como fotos
qualquer cena passada

minha imaginação padece
de não poder se calar

livros me lembram corpos

terça-feira, 6 de julho de 2010

eu quero uma luz, mas fraca
não quero sombra, mas penumbra
um por do sol, ou um nascer de lua

nada há no belo que seja intenso
não quero me ofuscar ou quedar em trevas
quero das coisas o simples e o singelo

palavras doces, mas não assucaradas
alguém que me fite, mas não me encare
quero um sorriso, não gargalhadas

um olhar longe, sem intensidade
olhos pequenos, que não sabem bem
desses eu aproveito o brilho

nada de grandes emoções, mas belas
ver tudo como algo natural
mesmo o amor, o vejo manso

sou enamorado do que é morno
o amor que tenho é como a tensão
que sinto ao tentar não ser exagerado

nada me alcança em cheio
além do ar que respiro à noite
com o suave cheiro do teu cabelo

eu me encho de palavras
e sinto minha cabeça mais vazia
se atento ao silêncio
escuto melhor o que sinto

tudo que leio parece me deixar mais burro
a cada frase, me sinto menos eu
crônicas, contos, ou até poemas
me impedem de sentir poesia

com a leitura, tenho palavras mais frouxas
a televisão ainda me faria mais mal
não ligo a TV e fecho o livro
fecho também os olhos e sei melhor o que quis saber

não que o que eu sinta tenha importância
ou que eu escreveria melhor se lesse menos
digo só que li demais e o que eu penso
se perdeu em palavras que não fazem a minha
faço bem em ser incrédulo
pois o que admira, em pouco dá preguiça
ontem fui amado, hoje desprezado
e tudo o que há de belo, ao mais leve toque se torna feio

em nada creio,
pois a gente se apaixona por espelhos
e um ser não pode ser amado,
a não ser que esteja em uma gaiola

e ontem, quando te vi,
me vesti da mais bela personagem pra você
te convenci, e me senti à vontade
a ponto de não sustentar mais a fantasia
e então você fugiu


as estações, a Terra, o Sol e o céu
a vida que nasce e renasce
quem nasce sempre morre
e eu espero a morte, satisfeito

morte de seres e de ideais
ninguém me convenceu de nada
existo para assitir todos os dias
nosso Mundo nascer ali e morrer acolá

o tempo passa como velozes carros
e atropela o descuidado
os sentimentos vão, também, assim
assassinando os descontrolados

já morri de amores nem sei quantas vezes
sigo na vida, agora, como um zumbi
do lado de cá, da minha morte
espero a gente me encontrar em sua sorte


a música me ilude e me sinto bem
a música cessa e leva minha paz
e não sei onde piso, ou o que vejo
não tenho no peito mais nenhum desejo

seria bom sempre ter algo para me enganar
desejar profundamente, mesmo que em vão
não quero mais um ser amado ao meu lado
quero algo pra de longe eu amar

mas nada me convence, que nada vejo bonito
há a música que inicia e pára
há poesia, que só dura um instante
só há o que nasce e depois morre

mas não tenho angústias ou vazios
nem esperança em nada belo
em nada creio e estou certo
de ser esse o caminho de quem se quebrou um dia por amor


eu tenho o coração fraco
fraco de não conseguir bem sentir
me apaixono e tenho preguiça
logo volto à minha descrença

e às vezes saio a procurar
sorrisos e olhos bem vivos
ou um pássaro qualquer que me faça sorrir
nada me convence

vou com um ser desapegado
que despreza até o amor
tudo o que vivi morreu
e agora vivo não sei quantos lutos
pois não sei amar por mais de cinco minutos

eu não tenho mais porquê escrever
não tenho alguém que chame de meu
fui abandonado pelo amor
e hoje sou todo uma descrença

mas escrevo, pedindo companhia
às letras, no lugar de um bem
quero escrever por escrever
foi-se minha menina, ficou-me as letras

e não creio mais em promessas
apaixonadas dum amor eternos
não acredito nem em sorrisos
creio em palavras e em solidão

estou mais sozinho que nunca
estou, também, mais perdido
eu quero frases de consolo
mas já não creio nem nisso

as fotos de antes me mostram
que eu estou envelhecendo
estou cada dia mais abatido
e cada dia mais feio

minha pele se desfaz
meu sorriso se demancha
minha cabeça está mais confusa
e creio menos em alegria

antes amigos me resolviam qualquer problema
hoje não tenho mais problemas
sou vão e vagabundo
sinto minha vida comigo de fora

caminho e respiro chupando o ar
meus olhos quase não vêm e se fecham
estou sempre mais perto da morte
e tudo que eu tenho é um desabafo
por cinco minutos
eu estive apaixonado
senti desejo, me enganei e me cri feliz

me apaixonei por teu sorriso
me fiz bobo
e sonhei com nós juntos

passou com um sopro mais forte de vento
fiquei vazio e sem desejos
mas teu sorriso ainda é encantador
eu tento fugir,
mas o vício me abraça
e me dá um beijo de fumaça

estou tonto
estou apático
estou dormindo

hoje eu não sonhei
hoje eu não abocanhei a vida
e também não acordei

queimei o meu dinheiro
queimei a minha casa
e queimei a mim mesmo

não vou, que inda é cedo
deixo pra depois
depois, depois, depois...

o meu passado um engano
meu presente um vício
meu futuro outro engano

nada há para se fazer
nem me alegrar, nem sofrer
só posso sentir a tontura que me causa o vício
mesmo sabendo que não há nada no mundo
eu insisto em esperar
insisto em buscar ser feliz,
insisto em conhecer e sentir as coisas

sempre chego ao nada de onde saí
às vezes me machuco,
corto os lábios, queimo as mãos
me esfolo e caminho para lugar algum
sigo e ao cabo de cada caminho
estou denovo no nada

o nada que há em volta
me sufoca como se fosse o próprio tudo
tento violentamente me desagarrar desse visco
aos socos e pontapés, brevemente creio-me livre
mas ilusão
se abro melhor os olhos
percebo que estou no mesmo lugar
estou em lugar nenhum
estou caminhando sem me mexer
em busca do que não existe
nada existe...
só existe a angústia de saber que não existe nada

Um engano
rolar na cama afim de um posição confortável
e só há o desconforto
fumar ou parar de fumar
amar ou não amar
enganos e enganos

nada há que assim não seja
a alegria é um bola furada
a tristeza é por algum erro
amor não existe

o que há é uma falsa saudade
o vazio das mentiras
o suor frio da desesperança
as palpitações da angústia
nada há de bom ou de ruim

sinto com os olhos
vejo as coisas e não penso nada
meus sentidos me enganam
minhas mãos me enganam
eu beijo a boca da vaidade
me adorno com o medo
caminho incrédulo

segunda-feira, 5 de julho de 2010

volto com o vazio de sempre
com um vazio maior
uma angústia mais forte
e mais ansioso

menos iludido
sabendo do que há de feio no Mundo
e que o belo não existe
e qualquer verdade é um engano

abri mão da esperança
em me crer feliz
também não há tristeza
só o que existe é a saudade

eu viajo e vejo quantos Mundos
e vejo que nada é certo
e que o Mundo fede
e que qualquer certeza é um erro

quarta-feira, 30 de junho de 2010

a sociedade está podre
há que haver uma revolução
mesmo qualquer trabalho,
que por princípio dignifique
vem de uma semente vã

o que nos está construído
os prédios de portarias venenosas
as ruas de movimento louco
praças de áureas assustadoras
e nossa casa em grades

isso tudo queimemos
com o fogo da rejeição
primeiro as grades das casas,
fugir pela janela ao encontro de nuvens
o ar rarefeito, me fazendo crer em liberdade

aspiremos, pois, os fantasmas que obedecemos
mandemo-los de nós para dentro de nós em grades
criemo-los em nós como animais de estimação


e então sentir do fôlego o grito
saber estarmos para o que precisar
estarmos para o que nosso real querer diz ser precisar
todo esse feito heróico, mesmo mais real,
é mais como um sonho

dia seguinte acorda
por mais saboroso o ar
estão de volta as grades e os fantasmas
e ao dia, que parece sempre uma noite
lutar para denovo sonhar
nos encontramos e esse meu ser minúsculo já sabia o que se esperar
mentiras, enganos, jogos e qualquer outra diversão
cético, aceito o que é real
e rejeito as intensidades do sentimento

mas me desarmaste
e ao teu terceiro sorriso, fiz-me crédulo
e os olhos meus com os teus, ou qualquer outros olhos me disseram verdades que eu já duvidava
e vivi em você uma noite mágica

no dia seguinte acordei cedo e fui pra casa
deitei à cama e me pus a pensar
foi mais que qualquer pensamento
eu revivi a cada fôlego a poesia de sonho da madrugada

e voltei a mim,
ao meu mundo cru e vazio;
sem em nada crer, me mantive satisfeito;
à essa hora eu soube: nada se há para crer;
o que há é para se sentir.
um dia vou tirar a apenas sentir minhas necessidades fisiológicas
irei ao banheiro se me der vontade
e posso até me alimentar e beber água
quisesse fazer apenas isso, não raro estaria contente
você, quando conversa comigo, conversa com o fruto do que o mundo fez de mim
quando me buscar e eu nem me abalar
apenas continuar o meu caminho
saiba: é o jeito que eu aprendi a dizer eu te amo

querendo controlar o que sinto
agora não sinto o azedo do limão
e também não sinto a doçura do mel
mas me faz falta ambos

tentar escolher, mesmo pouco
escapar de tentáculos
me prendendo e me sufocando
me podando o querer

me entram pelos ouvidos
o cérebro me apertando
e o pensamento é uma sinusite
então me drogo para esquecer

aceito o Mundo como ele é
não me apaixono, não amo
vivo para fazer o que se espera
vivo apenas para aceitar
meus pés descalços em um chão hostil
meus pensamentos sem lugar
as mãos buscando e tocando o ar
e meu próprio sentimento me agride

casa onde moro nunca foi minha
nem de papel passado eu a terei
por esse Mundo forte e sistêmico
ao máximo o direito de chamar de meu

mas nem isso é grande problema
nem disso quero solução
mas ter que brigar pelo que nem quero
e que me ver feliz pelo que me restou

e é isso que o Mundo pode oferecer
nada que eu queira, nem sei o que é querer
em nada posso opinar mudanças
nem sequer no que chamo de vida
a estrada de terra ao horizonte
vontades frouxas caminhando
pelas minhas pernas moles

meu ser, por inteiro, indo
inteiro, porém pequeno
sem gana, ou força, ou engano

incrédulo de qualquer beleza
os pássaros cantando nem existem
o ar puro é nêutro

as montanhas embaciadas
misturadas ao céu
por um horizonte de neblina

nem me comovem, nem afetam
cada fruto que me deslumbrou
vejo como qualquer vida vazia

o riacho longe que me encantava
e vários bichos
e até o bicho gente

tudo um engano, como minha apatia
enganos que nem busco nem encontro
enganado, agora, só observo

quando se está machucado de amor,
qualquer lembrança é profunda


ah, a lua...
não a lua dos poetas, mas essa luz azulada no céu sem estrelas que nos acompanha
a lua do poeta é tão distante;
a de agora não, que a olho no céu e a vejo;

o que não vejo agora é o ar de aroma azul...
um ar profundo, que me parece tão distante
e a lua me olhando, chega a me seduzir
ah, mas parece loucura!
o ar que me entrou pelas narinas, que eu senti no coração
veio da lua

palavras, instantes, enganos e caminhos

os instantes marcam as palavras
cada engano está para um caminho
as palavras vão pelo engano


palavras, instantes, enganos e caminhos
para onde apontar, seguir possuído por um desejo furioso
chupar a vida com a gana dos desesperados
e sóbrio como um samurai
minha memória é feita de cada esquecimento,
de cada engano, de cada eu que não fui e penso q fui

eu sou mais das palavras que não nego do que das palavras que digo, pois aquelas são mais
minha memória é feita de cada esquecimento,
de cada engano, de cada eu que não fui e penso q fui

eu sou mais das palavras que não nego do que das palavras que digo, pois aquelas são mais

eu queria ter sido duro nas horas que não fui
e ter cedido quando não cedi


eu quero construir meu poema-prédio
com palavra-tijolo por palavra- tijolo

quero um prédio-céu
com cada tijolo-estrela bem colocado

um céu-coração
repleto de estrelas-sentimentos


a palavra que trago, já por ser palavara, vem repetida
todo o ser que vivo para poder dizer há em vão
existo rígido como uma árvore, pior:
moldado como um poste
um poste e minha luz só pode ver o que está ou atravessa debaixo de mim

faço força para iluminar com a lanterna cada pedaço do espaço de mim-mundo
mas meus braços não se mexem como eu mando,
mexem como um Mundo qualquer ordena
por uma imposição banal
pelos meus impulsos de ser escuro, imperfeito, meio cego

não há no ser sublimidades, senão por engano ou fingimento
pois a gente não se desliga do que sente para melhor ver, ou pensar
quem não buscasse sentir, mas ver, sentiria mais claro

terça-feira, 29 de junho de 2010

o altruísmo e a humildade
são deixar o egoísmo e a vaidade
tão ínfimos que não se precise escondê-los

humilde é a árvore e a flor,
que são lindos e não escondem nada
não temem julgamentos, nem se pensam
existem belas sem o saber

é a busca sublime, de todos os homens
que os poetas ousam cantar
mas cada verso é tão menor que a flor

a um poeta bucólico,
há muita poesia que se ver na cidade,
basta ignorar teus sentidos

não vejo a estrada de poeira sem fim
ou os caminhos com os perigos da vida mato adentro
o arrepio da noite sem luzes
os bichos a cantar um canto lindo
na noite ou no dia...
nada disso vejo com olhos abertos
mas se fechar bem os olhos,
a tudo isso sinto

o copo com água sobre a mesa é menos real que a lágoa de meus sonhos
que atravessávamos so cabo do dia,
para de lá do meio ouvir a troca de turno dos sons
iam-se os barulhos da natureza clara em volta
e deixava a escuridão e os sons agudos do mato à noite

esses instantes do meu imaginário são o que tenho de mais real
mais que a água que bebo e o doce que eu como
a cada gole na água ou bocada que dou no doce,
estou buscando a delícia de ouvir da natureza a troca de turno

protesto

as coisas reais necessárias ao Mundo
e o que se impõe por laços ao passado
com toda a antipatia ao que se convém
é preciso ver que as regras
mesmo devendo ser melhoradas
também mandam fazer o benéfico
e essas não podem ser excluídas

a luta é vã por se agarrar a repetir
a vida é muita, que mercece muitos fatos novos
há muita métrica e rima a se fazer
uma rima que rime, mas uma diferente

há muita poesia para se cantar
a que todos cantaram até hoje,
mas uma diferente de todas
que de todas as de antes se fez
como um instante novo

há muita música para se tocar
com novas batidas e ritmos repetidos
e melodias jamais feitas
ou diferente

há muito de novo, ainda, que se tirar do mesmo ar
cada momento tem em si tudo para superar o de antes
pois o tem de exemplo,
o que já houve é. Para um novo ser
melhorar ou rejeitar,
jamais seguir

sábado, 26 de junho de 2010

todos os sentimentos são bons; os atos que os corrompem
que farei da vida que me deixaram viver?
os sentimentos são todos bons
as ações é que podem ser más
...
...
...
...

...
...
...
...

...
...
... se esforçando como atleta

...
...
... qualquer um pode ser poeta
o sonho é como palavras faltando letras
na vida estrofe é o início... (do vivido)
... ... ..(er)
... ... ..(er)
... ... e que já traga o sentido

a segunda estrofe é para me desenvolver
... ... ..(ido)
do soneto o que é para ser (entendido) (lido)
as duas últimas de tres versos ensino como viver

... faço uma brincadeira
... ... eira nem beira
... agora deixo meio chavão

... meia brincadeira, mas diferente
nesse ((a) estrofe) digo do que o soneto mais sente
e digo a chave, que se não fosse, me faltaria com faltaria uma mão
menina que veio e me fez mal
mas dela aproveitei o que disse
como se eu mesmo sentisse
e comêssemos do mesmo saco de sal

o que creio me pareceu crendice
e minha energia vem como tal
como se todos fossem um só local
lugar de encontro da nossa meninice

da mocidade eu sou seus edemas
da juventude sou os poemas
nada que a alguém convença

em que eu acreditava eu não mais sei
e até hoje o que eu mais gostei
foi de ser do incrédulo a crença

o que houve a mais foi meu ser infantil
criança vive mais que adultos mil
em meus ancestrais me vejo
digo menos para ser mais ouvido
eu quero o meu avô - já lido
leitura com a qual arquejo

abro mão do llibido
para saber melhor meu desejo
esta é a hora de aproveitar o ensejo
e viver mais bem vivido

mas menos que ele, digo tudo vão
pior, ainda, ao que ele sugeriu disse não
concordando procurei um melhor argumento

procurei e jamais encontrei
meu avô pra mim é um rei
mas do que ele disse não aproveito - lamento

discórdias geradas pelo que conversei
preferiria antes ter ficado calado
mas já disse e estou abarrotado
das inseguranças vindas de com quem falei

desabafar e ter alguém discordado
tal a vida a qual me acostumei
não me discorde em gritos do que sei
pois não me convence - estou calejado

veja o mal que digo como coisas lindas
palavras desagradáveis sendo bem vindas
mais do que isso é ilusão

pois em tudo que é, há algo mal
e eu sou a pessoa tal
que diz - ao meu juízo digo sim ao feio e ao belo não
antes pensei algo que quis cantar
agora estou furioso com algo diferente
e o que sinto agora me ocupa a mente
o sublime que pensei não consigo falar

por que cada um de um jeito sente
o que devia a gente era não mais conversar
falando corre o risco de se queimar
pois ninguém aceita e somente

se soubesse que causaria isso o que eu tinha sentido
garanto - me privaria de tal libido
e deixava para outros discutir

mas como jah falei e estou decepcionado
me sinto pior que um ser apaixonado
que prefere a razão ante o profundo sentir

eu vejo em mim meus ancestrais
agora eu gosto
o meu melhor que de todos, aposto
com certeza acrescentam mais

(gosto mais do ancestral que diz (como eu))
a cultura não é do que eu mais gosto
mais gosto de seus ideais
... ... ..(ais)
... ... ao que me posto

estar de cabeça fechada, rejeitar o novo
o mau dos velhos é ser antigo
ao que é de agora ele é inimigo
para eles o que hoje vive não aconteceu

diz-se de quem é de hoje:
(tem-se que ter a firmeza dos jovens (adolescentes))
o que eu digo nçao tenho firneza
eles (meus ancestrais) sãõ com certeza
mais contemporâneos do que eu

sexta-feira, 25 de junho de 2010

eu vou furioso como alguém que vai pra luta já cansado

mas miro meu inimigo e encaro meu fado

como um samurei o vejo como uma presa

e eele me bate e eu apanho

e me defendo como posso de ataques ftais


r quando ele se ditrai - primeira chance - o mato


volto pra csa ainda mais cansado
eu sei da vida os vícios
por difícil de cre que pareça, posso me importar mais com quem mostro mais despresar
minha alma não ultarapassa nem deve, é plena
eu estou cercado
ou eu digo o que até hoje eu não soube dizer
ou eu morro
tempo

me sinto - às vezes - compondo como os ancestrais
e me sinto em uma ânsia de me livrar de qualquer fantasma que deles venha

mas como é delicioso me expressar em possíveis sonetos

nome do segundo livro ou segundo capítulo

sonetos e contemporaneos
deixo ao léu vários motivos de inspirações fáceis, que, pra pagarem a pena, tem-se que mexer mto a pena
vencido mais barreiras, galgasse mais montes e trespassasse mais montanhas
o próprio corvo da amargura

cometo uma gafe, um despudor
uma qualquer falta de educação

mesmo estando só me desculpo
aos fantasmas das sujeições que se me impoem
de tudo duvido, que não esteja sentindo
no que eu senti e sinto não acredito
e pelo que cri: - obrigado, Bendito
pois eu mal começo aquilo que findo

por vezes não percebo o mais bonito
passa um comboio fantasma - na noite - indo
eu vejo isso mais que bonito - é lindo
e me perco ao começo do infinito

o que eu agora cantei, que se vá em prece
não creio no que sinto - como quem desce
ao caminho cético de um ateu

não me gasto ocupando-me em lamento
minha crença vai com o próprio vento
e nessa hora eu sei que o meu Deus sou eu

sinto a tristeza que - hora sim, hora não - bate

quinta-feira, 24 de junho de 2010

eu sou um que tenho vergonah do meu ser mais íntimo por ter vergonha de mim
e a esse escondo
e mostro um que não tem tanto a ver comigo
mostro um que sou eu de alguma forma


mas não sou eu como meu íntimo eu
porque esse não mostro
tenho vergonha
ou passou, ou ficou agarrado pelo caminho

se eu mexer - de leve - a cabeça jah escolhi o q tenho q ser -
discordo!!!
as linhas do copo contra o que estava atrás
me fizeram ver a fumaça do cigarro apagado

se achas que não vivo, pois não dancei todas as danças que dançaste;
se vês-me frio, pois meu corpo para a vida só esboça reações
se crês teus instintos te fizeram viver mais do que eu sou (bicha lôca!!!)

sinto-te enganado
vaidoso
desnorteado

pois eu, cá com próprias guias,
vejo que ando e caminho...
vejo-me vivo e até mais
escondido esvaio-me em corpo
mas o que preso mais, e mostro-te
não vês
esvaio-me - e muito - também em alma
feliz não digo...
mas satisfeito porque cada coisa que eu escrevo, mesmo que não valha muito, um pouco me acrescenta
se achas que tem conteúdo, mas que falhas na forma,
saiba que pra cada um o outro é reflexo
não tente mudar a forma sem mudar também o conteúdo
sou sensível, temendo por minha vaidade
sinto que quantos me amam, pois eu quero ver

não sei se a vaidade é o medo de saber que estou errado achando que eles me amam
ou medo que alguém (ou eu mesma) veja nisso eu mesmo me amando
ou a vaidade é não aceitar ver alguém não concordando em achar aquilo que fiz e acho belo



se são eles que me amam ou eu que amo a mim



se eu ignoro a vaidade, mesmo a aceitando

quero conversar com quem saiba do que eu falo
ou eu falo muito fundo, ou falo mto raso
sei q sou como poucos...
na verdade todos são
todos custam a ver um que lhe entenda as sutilezas

desses corremos o risco que nos vejam sutilezas não planejadas

quem não escreve
e "não escreve" entenda por
"não s´expressa"
é conformado
roupa para pendurar
tudo que se pendura mal pendurado - cai

a gente mostra interesse por qualquer coisa do outro, esperando que ele faça o mesmo por você...
ou seja
a gente mostra interesse para poder desabafar

falar do q sei e eu só sei o q eu invento
carolzinha do msn, que dificilmente dá papo
não sei se você não quer, talvez não possa teclar
ou se é muito bela pra comigo conversar
sei que eu falando sozinho estou com cara de sapo

se eu insistir, talvez acabe levando um sopapo
mas insisto assim mesmo, será que você vai falar?
é por eu estar à tôa que eu quero conversar
e ignorado me sinto pior que um farrapo

ah, carol, parece que diz: com você eu não converso
desculpa se estou forçando em fazer verso
é que - quando falo quero que o diálogo aconteça

e se acaso você me achar intrometido
e no final for um mal entendido
só quero resposta caso você me conheça


quem mostra o belo esconde o feio

vício

o cheiro do vício, ao qual antes eu fiz força para gostar e agora sou dependente
o cheiro desagradável em outros, mas que eu gosto em meu copo
com ele acalmo meus anseios
esqueço por um instante da angustiante busca

me embriago e tudo tem um devido lugar
a sobriedade martiriza
pois não me engano - sei que tudo está perdido

um copo mais e é como se eu não precisasse mais amar
só preciso do meu cigarro
as letras me vêm vãs e fáceis

me entregando ao vício me abstenho da realidade torturante
como qualquer viciado sei que saciar o vício, que entorpece
só me faz bem

um gole, um trago e palavras vãs
agora alcancei o sonho de quem nunca sonha
sonhar é não viver
os goles e tragos me livram de sonhar e eu vivo

vivo e não espero a nada
vivo com a mente encharcada em álcool
e o álcool - agora - é minha busca e meu desejo
e essa é a hora que eu tenho para me livrar de buscas que não me levam a lugar algum
agora, e só em tais momentos, posso saciar minhas vontades
com um objetivo certo - que sóbrio não tenho

quando não estou chapado quero de tudo contar as verdades
agora eu tenho o que quero
pois só quero um trago do cigarro e o meu copo

foi-se a bebida, ficou-se o soluço
já penso, até, em ir dormir
eu canto a ti, prometido destino
peço-te: venha - e me faça sorrir
digo: meu mal foi mais querer sentir
por isso ainda hoje vivo em desatino

unge-me das venturas do porvir
convença-me, depois mostre teu hino
faça do meu coração o teu sino
me encante, e faz-me do meu mundo sair

faz-me pronto para um futuro belo
porque os tempos idos agora eu selo
e então me despeço de qualquer mágua

faz-me feliz para um belo futuro
depois mate meu ser passado, impuro
enfim, o que eu quero de ti é a tua água
o vento passou
e levou com ele minha alma
para o escuro da madrugado

me restou o corpo vivo,
mas apagado
sinto os sonhos da alma vivendo numa realidade paralela

a chuva veio
e trouxe com ela de volta meu espírito
eu acordo e sinto a áurea
de qualquer força da natureza

o que sinto agora
são as cores da lua pálida
o arrepio duma água fria

puxo num trago a brisa da manhã que nasce
fito a paisagem do mundo em volta
- e por mais que tente evitar -
carrego no peito seus males

os sons que ouço, interiormente
hora em silêncio me revelam
outra em estrondo e vãos

os cheiros que sinto do melhor perfume
me ardem as narinas, por vezes
outras - que cheiro - a água límpida
sinto um perfume com o coração

com as mãos a tocar o belo corpo
já senti pouca emoção
e já - a carregar pedras - deliciei o tato

acordado e de alma lúcida
passo dias a pensar, pensar e sentir tepidamente
e outro dia um sonho bobo me fez chorar


alma que vive e ri e morre,
para amanhecer no dia seguinte
pulsa forte e pulsa fraco


meu corpo é o corpo das árvores quando abro meus olhos
-meus pensamentos são como o vento-
quando os fecho, meu corpo é como nuvens
-meu pensamento como pedras


a força, a certeza, a segurança e o ser bruto
são a parte mais delicada e menos real
o sentimento sem corpo certo
é duro como uma rocha


e daí vou para o estresse do dia-a-dia


mesmo o bom poema e seu sentido intuitivo


a luz maior é em breve tempo
e logo a treva me cega
tudo é possível no mundo
o que não é possível é no pensamento e no coração
o Mundo me permite tudo,
o que não consigo é comigo mesmo
no Mundo faço tudo que é possível
impossível é acompanhar meu sentimento

tudo que quero faço
minhas pernas andam
meus dedos teclam,
minha boca fuma
sinto a música e a poesia que procuro,
mas não posso saber o que penso

leio quantos poetas,
ganho quanto dinheiro
vivo em quantas mulheres
de perto pareço um pateta

quarta-feira, 23 de junho de 2010

vendo as fotos

não teria força para tirar os olhos de você
você me enfeitiça e estou viciado
em te fitar e esperar pelos soluços do coração

cada instante que você viveu e eu não estive
me faz pensar num momento paralelo
com nós dois juntos

vivo nesse meu Mundo, enganado
te desejo de longe, com um amor não físico
e espero a vez de tornar, também, paralelo o teu Mundo

se a comida acabar, meu bem,
o que a gente faz?
você vai se saciar com o meu samba pois a fome,
é verdade, deixa a gente bamba

e se a água acabar, meu bem,
o que a gente faz?
peço pra você se banhar em desejo você bebe
com vontade esse meu beijo

se a cerveja acabar, meu bem,
o que a gente faz?
eu me embriago, nos teus braços, menina; e peço ao Zé,
pra trazer mais do bar da esquina



estou para crer que estou para ficar louco
tudo que penso, logo não penso mais;
e o meu juízo é como uma bússola que não se decide

se busco em mim o conhecimento, a nada acho
me desepero
e - debalde - corro a tentar achá-lo nos livros

volto a focar meu coração e a minha cabeça
vejo em mim palavras e alma nos escritos
em meu pensamento, agora, eu crio os livros, e crio palavras já criadas, e os autores dos livros que crio me criam
- depois resto só, sem palavras ou sentimentos

me atiro sem medo e sem clareza a esses descompassos
me alimentando da insensatez dos pensamentos
ser para sentir a cíclica força dos rumos, que não se detêm
qualquer mundo mais são - dispenso
no ponto do ônibus há uma bela menina
a vejo com olhos tímidos e ela me ignora
forço para me enganar com um amor entre nós
meu pensamento é um carro e o coração está no banco do motorista

meu coração me guia por estradas verdes
de alegria e família a dois
o coração da moça no passageiro, ao lado do meu
meus pensamentos indo e nos satisfazendo

nós dois marionetes de meus sentimentos
obedecendo aos caprichos dum amor fácil
- nesse sonho impossível -
você vive pelo meu amor, eu vivo por você
eu tenho você, você me tem e juntos somos um só,
um que - agora - existe em mim

ah, bela menina do ponto...
a você tive como nunca tive ou terei nenhuma
a você devorei com um amor que foi real sem existir
você foi minha, porque a você não toquei
a vida - que vem com o toque - não é de ninguém
procurando - não muito - as sombras das calçadas
dou um passo e outro e outros
parte de mim é conformismo
outra parte é displicência

vou e vou, andando a esmo
não noto ninguém, nem árvores ou carros
me incomoda - mas pouco - o sol em meus olhos
nada sinto que seja forte

vou em equilíbrio, harmonia
meus pés tocam o chão, meus braços o vento
o ar nos pulmões
em meu coração um silêncio

penso palavras que não me convencem
corro olhos numa paisagem que não me admira
vou andando, andando...
balanço um molejo morno de descrença

eu andando, a vida me assistindo
minhas pernas me levam por um caminho
meu coração caiu num desses tropeços
sigo para parte alguma

meus pensamentos e minha poesia não me convencem,
sou um artista sem coração de tigre
minha ânsia-ganância de ser violentamente - feneceu
sou um corpo vivo, carregando uma alma que morreu

nome do primeiro livro ou primeiro capítulo

palavras, instantes, enganos e caminhos
o que me acompanha
são as paredes do meu quarto,
as palavras que sei dizer
meus sentidos arbitrários

o que levo comigo
são as palavras que quero levar
sou só pensamentos
pensamentos não regrados

quem me faz companhia
são os meus sentimentos
vivo com eles e por eles vivo
às vezes risos, às vezes lamentos

sou vivo porque sou diferente
diferente a cada instante que vivo
o que eu pensei, eu não mais penso
penso pra tentar entender quem me acompanha
- meus sentimentos
o que hoje sou tendo provado o amor,
um eu descomposto e descontruído
mesmo assim, eu gostei de o ter sentido
para saber: sua rima fatal é a dor

se acha que amar é cuidar de uma flor
para ouvir blandícias ao pé do ouvido
viver para o ser e por ele ser vivido
o amor faz a gente se enganar em sua cor

amar serve para se desiludir
para depois que o amor passar, você sentir
amor não é de inefáveis bolhas

por mais que essa tua moça seja pura,
vai terminar na rua da amargura
se deixar nas mãos dela suas escolhas
isso não é poesia,
não é sentimento, nem pensamento
nem minha sensibilidade ou minha intuição
isso são só palavras

são minhas escolhas para fazer poema
eu sou curioso, curiosíssimo
não de uma curiosidade que procura
mas de uma quieta,
em que pra eu saber, eu sinto

indago sem palavras por todas as verdades
quero ansiosamente saber de todas as razões
existo apenas para melhorar o meu juízo das coisas

para isso não procuro com a mão,
nem perguntas faço

sou um expectador, que apenas sente
e assisto de todos suas ilusões
enquanto tento me iludir a meu jeito
por cada palavra a mais que uso
que vê-se um engano
digo escolher meus enganos

se cada idéia sacra que rejeito
motivo de censura
o que escolho me é sagrado

quando vejo cada pessoa
só sinto espelhos e mais espelhos
procuro uma estrada erma para não ver meus reflexos

das buscas por altos patamares na sociedade
tenho preguiça,
só quero existir

fujo de ser reflexo de tudo que me há em volta
tento ser cego pra tudo quanto não quero ver
vou sabendo que não vou conseguir

terça-feira, 22 de junho de 2010

A poesia não está no poema
a poesia não está em fazer o poema

o poema é um reflexo em más formas
do instante de poesia que fez possível a criação

por isso nenhuma palavra presta, nem nenhum pensamento
nenhum sentimento presta,
nem o que pensou o poeta, nem o que o ler sentirá

o poeta é um mentiroso que diz do que sabe que não é verdade
o que vale é o instante do engano

a poesia não em escrever, mas em sentir algo que não é real
poesia não em ler um poema,
mas em conseguir como o poeta aproveitar o momento

por achar mal essa estrofe, diria que estrago a magia,
mas acho que não
a poesia está no sentir poesia

toque

te toco os cabelos,
te alizo a pele,
te sinto a boca,
te beijo a cara,
te encontro a língua,
mas com palavras de minha alma acharei a tua;
você com palavras toque a minha,
ou eu não te toco mais
"Entendo que a poesia é negócio de grande responsabilidade, e não considero rotular-se de poeta quem apenas verseje por dor-de-cotovelo, falta dinheiro ou momentânea tomada de contato com as forças líricas do mundo, sem SE entregar aos trabalhos cotidianos e secretos da técnica, da leitura, da contemplação e mesmo da ação. Até os poetas se armam, e um poeta desarmado é, mesmo um ser a mercê de inspirações fáceis, dóceis às modas e compromissos'".

Carlos Drumond de Andrade

na verdade nem sei se foi ele, mas onde eu achei dizia que foi
ao pé duma árvore de muita sombra
penso em possíveis ancestrais
que deixaram quantos exemplos
um exemplo para cada coisa
uma regra para cada instante

suponho todos os sonhos já sonhados
imagino tudo o que foi criado
me sei livre para escolher o que está aí
crias antecessoras, para mim
baldeo entre elas, sem as ver bem


existo pelas ruas andando
encontro um companheiro de caminhada
ele me pede favor:

- eu sou um eu - que sou - muito eu
eu não posso aceitar pedido
caminhe ao seu lado e eu ao meu

ele não aceita fácil
e se sente muito atraído (mistério?)
coisa simples - dessas simples - por que não ajuda?

- ando o meu caminho
quero cá comigo e só estar
por mínimo que te pareça, é o meu sentido

- e se tão simples é,
não vejo por que se dá a tal trabalho
dê outro jeito que não me abalo

dito assim, o outro segue rumo
será mais gente e saberá melhor andar por seu prumo
eu com o meu, que quero incerto.

mais que outra - coisa - é certo
- não fiz nada a fim de que crescesse
e senti um aperto quando o neguei

mas certa é uma coisa
me saber sozinho,
me saber apoiado como quem não precisa de apoio
não do que me oferecem
um na estrada solitário
de companhia a paisagem
montes, céu, lua, estrelas
o carinho incapturável dos dedos de vento na cara
mesmo, curtindo o que a vida oferece,
sempre em meditação para apenas sentir, sem a nada alterar
- pois não o faria mesmo querendo -

das pessoas, como pude, me despedi
dei tchau ao patrão e à família
vivo em mim, sozinho
uso do mundo o que posso aproveitar...
Estou certo. Ciente.
Decidido a achar esse ser o bom caminho.
Me repito isso aos montes;
quanto mais estou só, mais estou independente
quanto mais caminho à minha maneira, mais estou satisfeito
mas não mais me engano
- me sinto num constante estado de tentar a nada buscar,
estou contente, mas não estou saciado
a cada dia mais abro mão do que é comum,
mais caminho em sentido contrário ao que é regra -
pensava me desapegar, mas não
esse que escolhi ser, apenas sente uma falta maior que a já conhecida
um vazio mais forte
largando o conhecido, o caminho já iluminado e habitual seguido
pensei que sentiria de modo mais sublime
da terra conheceria os segredos,
das línguas seus mistérios,
dos homens suas razões;
mas de nada disso eu sei, e agora não tenho um amor para me apegar, um amigo pra eu apoiar...
abri mão da razão torta dos homens e não achei razão alguma em seu lugar;
me restou, se muito, uma angústia em meu peito;
que não expresso nem por palavras,
nem pelas razões dos homens;
mas que todos já conhecem

segunda-feira, 21 de junho de 2010

viver é me deixar manipular, é me apagar um pouco mais a cada dia,
é esperar a morte fazendo o que não escolhi fazer, é me deixar levar achando que estou me guiando
o que eu penso é grande demais para as palavras
ou é tão pequeno que não vale nada
me sinto uma lâmpada apagada, ou uma lâmpada qualquer que acende e apaga por uma força alheia
uma árvore e posso fazer tantas escolhas como pode uma, que existe para compor a paisagem e esperar para morrer
existo para sentir e para pensar, passo os dias sentido e pensando
e percebo que o melhor é não formar idéia de nada, que sempre me engano; acho que estou num sonho, ou a vida é demais para eu a perceber
não vejo qualquer sentido nas coisas, que ocorrem aleatoriamente e sem minha ajuda
o que às vezes acredito fazer, saber, dizer, depois de eu existir mais uns instantes, descubro não terem sido minhas escolhas e nem o meu juízo de tais coisas é certo
assisto meus dias como um expectador desinteressado
o que eu sei, agora, não tenho como dizer
eu sei o que sinto e o que penso
e isso não cabe em palavras
A vida é gestos, emoções, escolhas e todo o resto
quando digo de palavras, falo disso tudo
mesmo com tudo isso, não há como eu me expressar
as limitações são tantas que não há como eu me expressar
se eu escrevesse coisas sublimes e heróicas, inspirado pela Musa, ainda assim seria um engano


sou só palavras que nada dizem, nada sabem, e se olhar bem, nem sequer são minhas

Eu trago na boca muitas palavras
palavras que ferem e palavras que consolam
quem se deixa ferir ou consolar, se engana
palavras são só palavras

o que eu digo não vale nada
digo apenas palavras
digo de amor, alegria e ódio
a responsabilidade de dizer não é maior que a de entender

eu sou só palavras e valho nada
a vida segue, sempre, independentemente do que eu diga

eu falo muito sobre pouca coisa
o que eu falo eu não sei dizer
fazer versos é meu jeito de viver

digo de como eu vejo, do que sinto
sou tudo o que digo, disso me faço
me banho em sentimentos e em pensamentos
o que digo não vale nada

digo porque tenho que dizer
fazer versos é o meu jeito de viver

não se alegre ou se entristeça com o que digo
o que digo não vale nada
a terra gira, a rádio está no ar
muitos carros andam pela cidade

o que eu digo não impede a nada,
também não provoca a nada
do que eu falo eu não sei dizer
fazer versos é meu jeito de viver

sexta-feira, 18 de junho de 2010

sinto, é que pra cada pranto ou lamento,
me console uma brisa, um luar,
sei que meus pensamentos vão com o vento
e o que sinto se perde no ar...

sexta-feira, 11 de junho de 2010

se o que faço é suspirar e reclamar
é porque não tenho você para me amar
e se os meus olhos eu fechar
quero ter você ao acordar

quinta-feira, 10 de junho de 2010

tenho a cabeça virada, o que penso ou sinto não tem par
eu sou este eu estragado que me deixo flagrar
ontem, pelo menos, eu aprendi a beber cachaça.
a cachaça de matéria, com muito álcool e me deixa tonto...
na vida bebo uma cachaça ao contrário
digo de um relacionamento em que se gostem
os primeiros goles, não difíceis, mas embriagantes
o tempo passa, você vai bebendo e sentindo mais a sem-graceza do real
começo a beber cachaça, e no começo eu acho ruim....
me envolvo muito - casal, cambaleo, o começo ótimo, ao fim vomito.
a semelhança: começo e meio varia entre começar e meiar pelo bem e pelo mal, mas, pelo fim, se exagero em um ou noutro, estou ruim
ganho sempre se pondero
ssiga aqui quem não se importa em seguir rascunhos; hora ou outra crio outro que só leve os que eu considero prontos; aí eu faço propaganda.
quantas mulheres tive, que não toquei
as que toquei não tive
o toque dá a vida
a vida não é de ninguém

quarta-feira, 9 de junho de 2010

época de pseudo-banda - das antigas (ainda sem título) II

venha para mim,
que hoje a noite está mais fria
vem mais que sempre
e com os braços mais abertos
vem porque meu samba te espera

vamos tocar o pandeiro, o violão
a cuica e o cavaquinho
venha
e dê sua voz pra mim

cada instante com você é mais quente
você mexe devagar
e como mexe bem
e se demora?
me esfrio mais que um luar

se vem de dia,
você é o meu sol a gente conversa e dança
à noite
é melhor que é mais juntinho (é melhor)

vem...
vamo tocar o cavaquinho, (vem)
está te esperando o violão
fiz a barba, ajeitei o cabelo, com meu melhor sorriso (vem)
hoje eu pego na sua mão

você canta mais que as sereias
que toca, que me maravilha, o violão
vem pro samba, hoje, menina
deixa eu pegar na sua mão

época de pseudo-banda - das antigas (ainda sem título)

eu estive na sua,
já faz muito tempo
eu tava verde...
agora eu penso e vejo minha chance,
você não escapará

então vem!!!
que você já me quer,
vem e nunca mais vá
faça o que tem que fazer
faça comigo,

eu sei que você não resiste
e faça denovo, do jeito que eu sempre quis
faça como sempre fez
apareça com aquele biquíni,
e faça charme sem querer

mas vem!!!
que você não resiste,
vem!!!
meu barulho te ganhou

quando você me via todo dia,
eu pra você era bobo...
mas há tempo que você não me vê
agora quando me vê, eu sou um possível fã
como você gosta!

agora sou muito mais
agora sou mais que você sonhou
como eu te pego e te olho,
não tente que não consegue fugir

eu te dou atenção como ninguém deu,
te ouço como você não quer
às vezes não te dou atenção
nunca falo o que você quer

seus braços e sua cintura,
tudo que vem de você,
seu sorriso com a língua pra fora
é tudo que eu quero ter

mas não, não vou declarar...
te ganho com pinta de cafajeste
se não te falo o que você quer escutar,
te ganho mais

você sabe que o que eu sou é o que você sempre quis
que você não tem como escapar
suas amigas não me querem pra você
e você naõ quer nem saber
outro dia um disse ao outro:
- eu tenho dinheiro
ao que o outro:
- eu tenho linhas:
o um:
- eu, querendo, tenho mais chance com a mulher que você
o outro:
- eu duvido
podia dizer que um teria mais a mulher que quer, o outro a dele.
digo deles e das mulheres
o outro me disse certa vez:
você é medíocre, e concertou,
não você, mas você leva uma vida medíocre
mal sabe dos suspiros que me cortam o peito, que nunca vi igual
mal sabe que todos os dias meus pensamentos traspassam montanhas,
e que eu sinto o mundo inteiro entre meus ouvidos

mal sabe que estou para o grandioso, que assim vivo
mal sabe que em mim construo dez andares por dia,
a ele tudo que faço é invisível
ele até me percebe uma cabeça afortunada,
mas não me vê os objetivos e nem sabe que os tenho

ele vê o que eu poderia ter
vê como eu me desperdiço
me vê num vagaroso suicídio
mal sabe que a cada dia mais vivo e que o caminho que escolhi me leva onde ele nem pode pensar;

parece a ele que só acerta quem segue as regras
e não consegue saber que cada um faz as suas
a ele só existe a regra dele,
já do que ele vou mais longe,
por saber do que todos dizem e poucos sabem
que pra cada cabeça há um guia
o ser marginaliza a gente, pensa que a está ajudando.
é melhor quem obedece melhor;
eu nunca bati de frente, nunca briguei - exceto nas últimas que já tava na tampa!
vem me dizer que me ajudou
ajudar: dar apoio? socorrer? facilitar?
me ajudou de quê!
tudo que eu fiz foi tentar fugir; fugi constantemente...
quando precisei e pedi, aí a tive, mas já estava ajudando um marginal esclarecido
agora, que inda faço pela margem...
me ajuda de quê?
eu sofro um olhar de cima;
estou sempre meio humilhado
e insistir para conviver?
que maluquisse é essa? pois só se entendem de longe.
mas não diga que me ajuda, nem que me entende, porque não faz nem um nem outro
eu creio e muito na sua vontade e na sua ânsia em me ajudar,
como acredito que um poeta sem inspiração sente, mas não consegue fazer versos,
para ajudar, preocupar em compreender
e você sempre teve muito a oferecer, mas não preocupou em receber
os pais deviam aprender mais com os filhos,
ou os adultos com as crianças...

há tanto que me sinto marginal
eu, agora, assumi a minha própria marginalidade,
não quero me convencer e nem ouvir;
quero ser como sempre fui torto, mas agora sabendo
ser inteiro e isolado
ser para mim, pelo que quero ser,
para ser, realmente
me entenda quem queira entender,
mas não ligo muito se compreende

--------------------------------------------------------------------------------

o outro me disse certa vez:
você é medíocre, e concertou,
não você, mas você leva uma vida medíocre
mal sabe dos suspiros que me cortam o peito, que nunca vi igual
mal sabe que todos os dias meus pensamentos traspassam montanhas,
e que eu sinto o mundo inteiro entre meus ouvidos

mal sabe que estou para o grandioso, que assim vivo
mal sabe que em mim construo dez andares por dia,
a ele tudo que faço é invisível
ele até me percebe uma cabeça afortunada,
mas não me vê os objetivos e nem sabe que os tenho

ele vê o que eu poderia ter
vê como eu me desperdiço
me vê num vagaroso suicídio
mal sabe que a cada dia mais vivo e que o caminho que escolhi me leva onde ele nem pode pensar;

parece a ele que só acerta quem segue as regras
e não consegue saber que cada um faz as suas
a ele só existe a regra dele,
já do que ele vou mais longe,
por saber do que todos dizem e poucos sabem
que pra cada cabeça há um guia
ela é bem sociável e está feliz em dar chace às pessoas; quem dá chance de outros se aproximarem, tah disposto a ser amado
pode parecer bonito, mas esses, que são mesmo para um bem romântico, não servem pra nada; esses a tudo veem belo, ou possível de ser; para conhecer uma pessoa, o mundo, não se pode ser iludido. tem que saber do mal e se importar pouco.
há muitas palavras para se dizer muitas verdades.
esse mundo está perdido; há jovens metidos a revolucionários que só querem dormir; há outros que tentam se livrar do egoísmo - onde se viu uma terra que tenha ordem e progresso sem egoísmo - esses pensam que são ripes; e há uns poucos políticos e empreendedores; mas todos eles são uns frouxos; algo de que não se pode abrir mão é da guerra; um pequeno custo - de poucas vidas - mas um grande benefício para a sociedade; cada um toma seu lugar devido.

terça-feira, 8 de junho de 2010

quero me enganar de outros jeitos; não quero crer que haja alguém que me complete; acho é q não estarei completo nunca; e sempre haverá mais coisa feia que bela...
o ser humano sente uma tentação em pensar que a vida é bela...
saiba que não; há coisas que se tenta escolher, mas saiba que não...
sofrer por qualquer coisa é bobagem; amor não existe...
o mais que existe é algo que mais esvazia que enche...
me engano cada dia menos, vejo cada dia coisas mais feias, mas nunca me desenganarei por completo!
sempre pensarei que há algo de bom, mas não tanto que me alegre...
do que eu riria? que me faria feliz?
não há nada que me acuda e nem se eu vivesse sete mil anos conseguiria qualquer coisa...
felizes são os cristão que se enganam bem, tentam ver que há sempre algo de bom em alguma coisa...
esses ensinamentos que enganam.
acho até graça; nem com tinta de ouro pra pintar todo o mundo haveria algo que dizem.
bom não é nada
as pessoas procuram tanto o mundo...
uns procuram tanto sentir pelo lado de fora...
outros vêem um mundo interior muito mais vasto
e quem não concorda, dificilmente não oprime
está certo é quem percebe a materialidade de carros e casas...
amor nunca encheu barriga de ninguém
qualquer um vive de alma vazia, mas não se sabe de quem viva com a barriga vazia...
quando digo de amor, é com desdém, acho que o confundo com uma outra sensibilidade que não de nariz e olhos
quem vê o quê, escolhe assim...
os outros preferem enxergar com o sexo, com a boca
um amor de ouvidos e tato.

paixão é outra coisa, que também carrega espada,
mas esse sentir sublime, contemplando os pensamentos;
isso não leva a lugar algum,
não faz líderes ou algo que valha...
o mundo é o que se pode ver, o que se pode morder,
o que se pode socar,
esse mundo de sentir o que não deram nome
e mais pensar - isso não é vida
que vida há senão a de me embriagar?
há loucas cabeças que se drogam mais com algo que sinta e não sabe falar
do que com carros - coisa de louco

entre outras coisas, o camarada vai querer viver frustrado?
de passar o dia a pensar e sempre saber que nada vai pensar que resolva.
e o meu tênis da moda?
menos ainda - a barba e os cabelos bem cuidados
e trabalhar? passa a vida à tôa?
o dia pensando e no seguinte pensar diferente, e, assim, sempre?
o que um desinfeliz desse tem?
e se todos têm o que escolhem, porque esse escolheu isso?

vai amar a vida que é normal de amar...
amigos e mulheres e o que se reparte...
sai dessa mentira de achar que importa o que você pensa ou sente, que não importa nem a ti
vai viver em vez de ser vagabundo

segunda-feira, 7 de junho de 2010

nada é tanto que não possa ser dito em um haikai
nenhuma cama é muita para uma manhã de ressaca
o passarinho vôa, mas ele e a galinha têm asas...
nunca se saberá qual deles é mais feliz

haikai

eu fico feliz com os versos que me dou de vez em quando
às vezes
com eles e com meu cabelo bagunçado
Aproveitar como se fosse o último
ficar
ficar e ir
ficar e ir e ser
tive sorte
costumo ter sorte
tive a sorte que costumo ter
eles fazendo o barulho deles por lá
me faz feliz vê-los se entendendo
brindemos!
tanto há
não falo dos sorrisos, mas como gosto
e ser sincero, acreditar que sou
saber quem de mim agrada
só ser, me importando pouco
a festa finda, o dia acaba
sentido não há
sobra uma falta, uma ausência
morder a língua e puxar o ar é o que me resta
Eu puxo um ar que não me vem
sinto falta de tanto
não há o que me acuda
mas eu me apoio em qualquer coisa e finjo que vou
olho bem, e o mundo não tem nada a me oferecer
o que eu sinto eu não sei dizer
o que eu penso não é o que eu acredito pensar
Há tantos caminhos
há tantos caminhando
há tantos apoios
essas crianças e o que delas será
que o futuro lhes reserve a sorte que eu tive
e as proteja do meu azar
a festa acabou e eu estou rouco
estou como me agrada
estou vivo, há um pigarro
não há felicidade, nem azar, nem tristeza
há um constante me enganar
eu vou e sou
há tanto que eu não posso contar
não posso porque não consigo
eu tenho o que me resta
só posso ir
- vai começar!
- vamos embora!
- está dois à um
hoje eu ganho
estou ganhando
eu me achei, me sei, me acabei
sou isso, de aproveitar ao máximo,
como se fosse o último
há tanta gente boa
e há os que mesmo não o sendo, o são
e o que há para mim agora, que a festa acabou?
não quero me preocupar com a estrutura
Pessoa já dizia que escapoliu pela janela
de trás da educação que o deram
o que me resta agora, que a festa acabou?
só me resta ir
só me resta ser
aproveitar a sorte de ter comigo tanta gente boa
esse eu que sou meio torto
por que - raios - eu falaria de amanhã?
Eu vou lá me privar de tudo?
eu só muito quero saber do que há
o que há, que não vejo?
por que, em mim, há tantos porquês?
hoje eu vou ter um filho roxo
me esqueci das rimas
parece que brigo contra o senso
agradeço tanto meus braços esfolados
ainda bem que eu vim
vim e sou
já não sei se vou
agora eu espero
o que será?
o que o charme tem a ver com isso?
o charme é de querer viver
falhas e faltas
- Está dois à um!
o que me falta, por que me falta tanto?
não quero meter corante, me dê a cor real
vejo corante em tudo quanto há
a cor de corante me parece ser a cor real
tudo me apraz, que só vejo gente boa
quem é companheiro como um cachorro?
vamos gastar tudo!
não pensemos no amanhã!
gastar o de um, ou o de outro
não consigo perceber nada como sendo de alguém
eu não sei do que eu sinto falta
me faz falta algo que não é meu
o que tenho eu?
me restam versos sem rima
sinto falta do que eu vi e do que não vivi
não sei reto do que me agrada
me faz falta algo que não percebo
"não sei porquê nem sei do que sei"
a voz do Tim já disse que vale tudo
vamos, agora
vamos embora
as palavras se variam e se repetem
falemos a mesma língua
uma língua de sorrisos, que gosto
falemos explícito, sem usar de palavras
algo que não sei ao certo me acode
será que há o bem e o mal?
quem vem ralhar comigo?
já não sei do que quero
era pra eu saber?
quanto a mim, digo que já me valeu
o que me resta?
eu me acostumo
faço o que for e me acostumo a quê?
vamos!
vamos ser
quando a gente pensa muito ela é pouco
seremos sem pensar para ser mais
perguntemos o que há
que há que me valha?
o que faço eu pra ser?
sem querer digo do que não poderia deixar de ser dito
iremos
me complica ter para dizer o que se não diz com palavras
falo e ando
vou...
eu sinto falta é do que eu não senti....
me venha tudo...
que o sentimento abuse e use de mim....
que sinto e não sei?

terça-feira, 1 de junho de 2010

versos são como os filhos, que nunca são como a gente queria.
e atrapalha a gente não saber ao certo o que quer pra eles


sou pela religião, religação;
Cristo é bom exemplo, mas não digo de tanto.
falo da crença nos sorrisos;
a

um pavor que me faz apertar bem os olhos
eu mordo a minha língua
sinto o sangue fluindo e me esquentando os dentes;
morno e me engasgando,
minha língua, agora, enrola e eu me engasgo mais

uma descarga energética no meio da minha cabeça,
que me faz contrair os dedos e ferir com as unhas longas a palma da minha mão
eu me encolho em posição fetal, depois esperneio e agonizo
numa repetição eterna...
estar nesse estado e me sentir bem;
desafiar a morte como experimentando o submundo de Hades,
lá mesmo encontrando o céu...
muito do que escrevo, percebo ser continuação de algo que dava por acabado, então, não sei aqui se junto os textos e posto um acabado e final, se concerto os de antes, metendo neles o novo fim, ou se faço diferente.
tudo o que posto aqui está mais para um rascunho feito à pressa, que algo acabado;
não é de se estranhar, então, que os posts estejam vivos; e há, também, o que prefiro deixar como rascunho.
a escrivaninha do meu avô,
e uma bagunça dele de papéis,
lembrança que trago da infância,
que me desperta a simpatia pelo eu que fui quando era criança

via tudo de mais de baixo,
e era de uma alegria que não conhecia o mau;
era divino, feito toda criança,
e com isso eu simpatizo.

a gente acha que caminha,
mas a vida se conduz por só,
aquela escrivaninha e seus segredos,
aquelas estantes com livros sagrados...
uma cabeça de peixe empalhada - que monstro

nunca desvendei nada daquilo,
que - como agora eu o digo -
aplicava em minha cabeça frágil o aroma dos ares de coisas de adultos,
eu sentia uma curiosidade tímida:
de que tratariam quantos papéis e livros?
a cabeça de peixe foi troféu de pescaria de meu avô
esse meu avô guardião do escritório
agora mesmo não desvendo aqueles instantes

desses livros poucos eu conheci depois,
já não tinha a admiração infantil de antes,
já tinha algo de entender coisas de adultos que não se dá com a admiração
a essa hora era uma inclinação
ao respeito que merece o meu sábio avô

esse escritório que figurou em minha infância,
os livros que não li, tudo aquilo que rejeitei,
os prazeres, mesmo, aos quais me entreguei.
todo o mais que me ocorreu,
minha vida se alimentou disso e vem se fazendo,
importando pouco o que eu tento racionalizar
a minha cabeça é um quarto escuro
eu sou um alheio ao mundo
eu faço tudo quanto me ocorra,
me entrego aos caprichos dos pensamentos

sinto que a vida é entre correntes,
viver é tentar me libertar,
sei do belo, do profundo, o sinto,
sinto entre amarras, que não me deixam bem falar...

quero que a minha cabeça se esvaia,
em um luto que eu não sei de quê,
de ver morta a semente
que a gente enganada acredita crescer...

sei quanto mais que estou preso,
que o fazer o que queira é um engano,
sei que sou, sem saber,
um produto, coisa que já nasceu feita,

por quantos caminhos escolha ir,
para viver, me ver livre...
sei que escolho caminhos que não posso seguir,
sou de tudo uma farsa, um desinfeliz;

minha vida é cantar minhas mudanças
verso sobre certezas que são talvez
dizer que por onde ando, me engano...
e erro denovo, se tentar outra vez

e me dizer vivo, porque o sou;
um ser preso que se angustia
onde creio ir não é pra onde eu vou
sou que não sei se noite, ou se dia

segunda-feira, 24 de maio de 2010

karaté

ah... por que insisto em falar da arte?
me expressar...
quem vê um jeito mais real de se expressar que na arte marcial?
dar de si um tudo e tentar mais...
estou sem saber se estou para o papel ou para o tatame...
estou para os dois,
meu pai sempre me disse que o pensamento perde o sentido se não trabalhar o corpo...
agora concordo, amanhã não sei,
ontem concordei, também, mas não tive como falar

a gente sente mesmo a arte nas veias quando o corpo cansou em se expressar;
caras feias e pontapés...
gosto de escrever,
hoje estou mais para o karaté...
amanhã eu não sei...

andei pensando, crendo ser fato:
- no mais que eu pense em caminhar, ou deixe versos...
e me esvaia em caretas e dance uma dança mágica ou nítida...
eu quero é me estafar, dar de mim até não poder mais...
estou mais satisfeito quando me entrego ao máximo ao que seja;
assim consigo me ver fazendo parte de o que seja...
meu jeito de ser e marcar...
me sentir marcando,
sou mais um querendo gravar as mão na pedra dos mestres,
ser tanto, que me queiram para ensiná-los, e creiam em mim;
saber tanto até saber que não saberei nunca o suficiente,
e mostrar caminhos...
usar ao limite de todo esse meu ser insignificante,
para ver que sei nada como ninguém...
e termino com as palavras do sensei,
dizendo daquilo que prego agora:
para aprender, é preciso ter o copo vazio
- para ser redundante -
copo cheio não enche...
tentar ver que o copo é o corpo

domingo, 23 de maio de 2010

gaveta

que falta me fará uma gaveta...
a gaveta de um ser o resume; quantas coisas inúteis guarda ali o descrevem...
saio, abro mão do que juntei, pessoas...
abro mão da gaveta...

eu saí e agora tenho uma mochila e um caderno
me falta o ar, acho que fumei demais...
sempre cri em tantos sonhos, aquilo de amor eterno e uma coisa para a vida toda;
mas já sei que isso não há; nem isso, nem aquilo...
não há quase nada.
há o que se creia, mas, também, quase não tem valor,
pois a gente só crê no que está longe.
para mim, há os meus versos, que tardam.
minha crença correu, meu saber me escapoliu;
hoje me vejo inútil como sei que tudo o é;
a vida é pouca para abrigar tantos sentimentos;
então como vou saber de algo?
muito menos saber de algo que valha...

creio que o pouco que é tudo é me pôr a pensar...
pensar e escrever.
o único modo de não me trair;
pensar e gravar esse eu sujo, bagunçado, desordenado, cheio de lixo e coisas inúteis, como minha gaveta.

escolhi levar um sorriso no rosto,
e andar agradecido por estar vivo,
viver sempre algo que podia ser maior e que não faria falta...
andar por aí satisfeito, desenganado;
saber do fundo da alma que nada vale a pena.
sei que o que há, na gente, é o sentir;
viver minha vida
andar, sentir e sorrir

ser e sair

saio com a maior vontade
vou como que para um sonho
vou sem acreditar em paraíso,
apenas vou porque sou,
incrédulo e cru
vazio e infinito
carregando o que as mãos aguentam, sem buscar nada...
nada creio que acharei, também;
vou, sem esperar por paraísos...
apenas vou porque estou vivo

já nasceram todos convencidos do que devem,
mas a mim, ninguém convence do que é certo
eu, agora, entendo que quem se convence não vai, já está...
eu, agora eu sei, agradeço a Deus...
eu estou para ir,
eu sou para ir, senão não sou...
não me convenço,
só vou

desapegado


desabafo

tudo é natural
nada foge ao encontro do que é destino
beber água e sorrir sem saber
é nada, é tudo
eu sou, muda o rumo, nada é?
há lugares e caminhos,
digo de cada coisa
sou para ver,
vou pra ser...
o que há é quase nada e há um tentar muito sentir
eu me desentendo com as palavras
eu tenho tanto a dizer, mas não tenho tempo...

cada lugar que vi ou pensei,
tudo que sou e fui,
o que há, meu Deus?
e por que eu preciso tanto saber?
digo do que não sei, por que preciso tanto dizer?
e sou feliz, quem?
e onde vou, que não paro?
por que há tanto? haja o quê?
e mordo a língua com respostas para um outro dia...
esse tudo, que é hoje, não existe.

caminho

acordo a não sei que horas da madrugada
me levanto para escever,
um me levantar para me ouvir...
levantar e não saber direito pra quê...

falta das palavras...
medo da minha viagem
sei que vou
sei que sou o ir não sei pra onde
que vem a mim, me encontra
pouca lembrança de um bom dia que eu mal vivi
saber que vivo para me enganar
e sentir falta daquilo de que não se pode fugir

tenho em mim tudo de que preciso e quero tanto mais
eu quero as palavras doces
e algum olhar que me mire
eu falo do alto e da rima...
apreciar o sol deitado no asfalto
o viver todo dia que todo mundo vive...

sei de mim e de onde estou,
às vezes acordo não sei porquê e sem saber de nada
o sol às vezes não me acha, nem as palavras
eu apago a luz, para me ouvir melhor
o que guardei pra mim, para me fazer feliz

eu tenho o mundo e me sinto só
não triste, que assim , eu não me sinto mais
eu vi das ciências e do mais,
mas levo de guia algum palpite
o que está certo é o que se diz estar,
eu me levantei ainda não sei para quê
não há choro, ou nada que valha ranger os dentes
existo; sou isso que é forte e mole...
de perguntas e respostas eu nada sei...
sei de uns poucos rumos

varo, atravesso, sou e vou...
algo, assim, sem quê nem pra quê
não há nada que eu possa responder
sou que tenho resposta ao passado e ao futuro,
do presente só sei ir...
ir, desacatar e não saber

quinta-feira, 20 de maio de 2010

eu sou porque me creio
sou o que sou porque me percebo
a essência não pode escapar
ser o que há de ser

palavras repetidas e a pobreza
um texto engajado e Brasil
não costumo falar de notícia sensacional,
falo do que é brando, que é o que sou;
o mundo é o mais, é profundo;

ao mundo minhas receitas são falhas,
inútil todo o meu trabalho;
eu, mesmo, um mais inútil,
senão pelas sutilezas, que nada valem...

Meu mundo real é carnal
e não há na carne a fantasia
mundo de violência, tribal,
um mundo mais noite que dia...

mas eu canto feliz, a voz aguda de satisfação
eu canto enganado, sem me deixar absorver;
falo alto tudo que quero dizer,
quase não sei o que quero dizer...
quero mais é dividir meus versos,
dizer que mais que o mundo é o universo e o criado;
o meu canto feliz acompanha o mais
e a ordem do maior não é a violência;
só hoje eu falo da compaixão
para fora do meu mundo, também,
servir de bom apoio
não quero saber de nada
além do que eu mesmo penso
o tudo nada vale
e o menos que mais valha

Em uma viagem longa
me vale mais o caminho
eu chego, eu chego
e que eu aproveite bem o antes

cada instante,
toda sorte, destino
quero me untar de cada
me abrir ao mundo
vejo com olhos que sentem tudo
ainda quando durmo, ou estão fechados
penso que sinto, e penso,
uma marionete nos sentimentos que escolho

o mais, o completo, o percebível
é a palavra me surgindo
o sentir que quis pensar
meu humor não varia com nada mais,
nem sei porquê ainda falo de família
a menina gravada em minhas retinas,
meu humor se varia com as letras que escrevo
eu canto para o mesmo rumo que sinto
e sinto apenas o que penso

ninguém me vê os motivos
e estou feliz como nunca
por atos invisíveis
me fiz o mais realizado

me escapolem palavras sem intenção
minha prova de existe o há, o ser
a vida que não desrespeita o tempo
o nascer, o passar, o morrer
descuido não me contradiz, também o sou
e gosto...
improviso não há

eu sou o sentir minhas palavras e meus sorrisos
me fazer feliz por pensar até descompassar o coração
sou iludido e alienado
vivo na lua e na fantasia
minhas palavras criam meu mundo
e o resto silêncio, é a poesia
Tudo para mim está mais belo
Encho os pulmões de ar na avenida
rio, satisfeito
ando com o olhar perdido mirando o alto
meus pés e pernas se mexem livres,
indo onde querem
meus braços acompanham balançando

sinto que não devo nada,
cada bom pensamento, tudo que recebo,
um presente
amo um pouco mais a cada um
caminho sem rumo certo,
vou contente

canto sem norte,
parece que busco inspiração
meus passos se confundem com minha poesia
acerto o pensamento
as pernas mais leves
o sentimento mais livre

preto no branco
não há lugar para sutilezas
tenho tudo que quero comigo
meu caderno, minha caneta, meus livros

Reconhecimento por se ver livre

escrever de cara limpa, sem drogas ou vergonhas...
falar o que quero falar e pensar que sei do que falo
a minha contribuição à Língua,
a minha visão sobre o que é a essência da alma...

se escolho ver, escolho deixar de ver mais...
sempre vejo algo, percebo...
eu rio e me apavoro, com uma angústia que me faz tremer os braços e me aquece, me faz me sentir vivo...
alma da gente voa...

saber e se enganar;
chorar por prazer e rir por obrigação;
sonhar só e estar acompanhado...
alegria sempre, ilusão...
saber se fechar em si e ser feliz...

a língua me engana e me bate,
a estrada e o verde em volta,
a alma livre para ser, sentir, saber...
se enganar...

bons enganos que me levam em viagem,
ser o que quero ser e sorrir...
de resto não há...
há o diferente, que não quero,
me engano

fecho as cortinas e a porta, já não me sinto só;
me vejo, estou comigo...
meus pensamentos me acolhem,
meus sentimentos me renovam,
meu corpo me limita, mas eu vou...

por hora me sinto abstrato,
outras horas me sinto denso;
sinto a alegria do descompromisso,
a briga tácita contra o senso...

quarta-feira, 19 de maio de 2010

viver melhor

errado e inútil...
são as palavras de minha vida;
acredito serem as palavras da vida, melhor dizendo.
Eu ou estou cego para as coisas belas,
ou estou certo.
Vejo todos se afirmando certos e úteis
apontando erros e inutilidades dos ao redor;
e eu que me vejo errado e inútil,
que sou só sonhos e desejos,
me sinto ainda mais errado e inútil que os outros.
E perco as forças para largar de ser tal errante errado e inútil;
mas assim talvez seja melhor.
errar é caminhar sem destino e não se frustrar;
é viver melhor... fugir de ser útil é ser livre, é ser poeta...
fugir de ser útil é ser útil por prazer...
De uma utilidade que não se define bem, mas que faz bem.
há de fazer bem a alguém...

a gente se desilude,
achando que não é capaz,
mas a ilusão é forte,
que com crença leva a qualquer lugar,
por mais improvável que pareça;
assim se encontra a felicidade, a realização, a harmonia em lugares que olhos desiludidos não crêem...


me sentir obrigado a sentir sempre, ao menos,
uma ponta de incomodação por algo que fiz
e não deveria ter feito
não alguém que eu toque me obriga,
o que me força é algo que eu não dou corpo...

a vida é lutar contra esse arrependimento,
tendo que fazer algo que valha mais,
ocupe mais espaço e sufoque a angústia

mas o que seria uma vida livre?
quando o traficante, o padre e o assassino
não se sentissem amarrados a algo que sentiram, fizeram, pensaram...
um se expor, realmente...

assassinatos, suicídios e mais o caos...
tudo de um jeito muito belo,
a todos apetecendo...
a gravura de uma obra de arte.

nesse tempo, enquanto não morto ou suicidado,
penso as coisas todas que quero pensar,
sinto tudo o que quero sentir,
vivo tudo o que eu quero viver,
amo tudo que quero amar...

uma liberdade completa dentro dos limites do corpo.
uma liberdade maior assim que fora deles;
saber sem manchas de tudo que vale a pena
quando eu te olhar, receberá flores
quando eu te pegar, sentirá firmeza,
quando eu te falar, estará alegre

segunda-feira, 17 de maio de 2010

a diferença sobre o que eu sei, é sempre em saber o que penso e não saber.
hoje conversei com meu amigo, e agora sei de quê?

são exemplos se esfolando

as calças jeans sujas e debaixo das unhas,
um porco, mais sujo e desprezível;
que pensando o que seja, não se valha ler-le o pensamento.

um para quem se diga um palavrão;
os pensamentos, a vontade de ganhar o Mundo: quem quer saber?
este, que fala, realmente, os palavrões -
foge da rima e não vale nada.

o pranto, quantos parnasianistas tentaram e não choraram;
às vezes, mais que o Príncipe Bilac e métricas e rimas,
valham as unhas sujas, que se sujaram vivendo algo que não sei o quê...

muitos convincentes, por vezes, não me convenceram;
outras vezes me convenceu um que não queria me convencer de nada.
algo que sempre me alcança, a pergunta: como anda a arte?
algo muito de mim, mesmo: acredtio que muito mais na boca de quem não se vê fazendo parte.

e então, fumo quantos cigarros, só de companhia para pensar:
não valendo nada meu voto de mérito, o dou...
para aqueles, estes mesmos de quem disse;
sujam por debaixo das unhas e esfolam os dedos,
fortalecem e arranham os braços;
se vêem como portas no quisito,
mas não podiam representar melhor a arte.

sendo pra si e para os outros, por dentro e por fora

acerta quem diz que estar abandonado é se isolar.
eu sou um que está para o que der e vier e às vezes não estou para nada.
quantas vezes queimei o móvel por esquecer o cigarro,
e quantas vezes fui depravado...

fiz coisas intoleráveis;
inadmissíveis, incompreensíveis;
fiz e senti

e quem fez mais explícito, acho que mais compreensível;
se deu e não pensou tanto...
arrependimento, pranto ou lamento, nada disso me encontra, não tem encontrado...

eu acredito que sei do que digo, mas me perco;
eu conheço de arte sendo ignorante;
antes reconheço que conheço...
nada sei da mitologia grega,
do saber universal dos gregos, na verdade,
com seus sócrates e platão e outros, ainda;
disso não sei ou quero dizer.

sou por quem não se vê sábio
ou pelo que se vê e não se segura;
sou pelos inconsoláveis, que não alcançaram;
sou pelo que tem antes da vitória a batalha, e essa vale mais que tudo.
sou pelo coitado, que é muito mais que pensa e sabe.
reconheço tantos conviventes que são tanto mais do que sabem;
vejo tantos artistas que se vêem nada a ver com a arte...
e esses, com isso, sofrem menos.

estou incontrolável, uma fera; me vejo assim.
aquele que quer muito ser feliz e alcança pelo esforço;
cheio de dúvidas, mas valem as certezas...
não sei do que falo...

sou um acomodado que se acomodou na briga interna,
e que não pensa pra entrar numa briga fora;
sou este eu que me vejo agora;
um mais confiante, que chora...
um que sem porquê, vai embora;
aproveitei as rimas que podia
e nem sou fã delas, mas gosto da metalinguagem...

acreditar que sabe

As palavras puxam palavras,
eu as digo todas que me vierem...
diz-se que escrever é cortar palavras,
e eu as uso aos montes...

dizer que um mais letrado
supera um mais jovem;
mais criança, até...
eu sinto tanta falta de ser criança...

mas uso de muitas palavras...
um gugu, dadá acompanhado de um olhar seria mais sincero, mais certo;
ainda bem que tenho palavras e a minha cabeça pra pensar;
tento ser criança e não pensar nada muito complicado,
ser feliz ou estar triste...

passando da infância, acode a capacidade de se enganar;
me finjo alegre, e alegria; e uma tristeza melancólica às vezes para me inspirar;
foco alguém, e um futuro amor, algo para me dedicar;
penso em uma ocupação qualquer, só consigo pensar em me expressar...

há, também, livros que me acodem; há o eu poder pensar no que escrevi e apagar;
há o deixar com está o que eu escrevi quando pensei,
e há muitas outras coisas; nada que me importe tanto.

escrever é como fazer sopa de pedra
se ponha a pedra numa panela com água pra ferver,
pique os legumes e etc... retira a pedra e come...
mas tenho preferido comer com a pedra e tudo, mastigo as pedras de um feijão sem catar.

o alimento da alma difere bem do alimento do corpo;
em verdade é tudo muito parecido, pois não difere em nada;
você varia o cardápio, varia as palavras e varia os sentimentos...
o estilo não na repetição, mas o contrário.

me agrada dizer que sou imprevisível, e que nem eu sei o que vou pensar;
grande exemplo de previsão;
eu sou feliz por ter aprendido a me agradar;
quis ser...

gosto de dizer que falo do que não sei falar;
eu sinto bem o que sinto e sei bem o que sei;
sei para onde eu acredito que esteja caminhando,
como alguém que se vê evoluindo.

sei de caminhos e de opções e sei dos que não tomei.
sei da minha língua e das outras tanto quanto sei que nada sei;
sei que na vida tudo é se expressar,
e o que eu sei a mais, eu não sei...

parece, mas não é segredo

Digo dos mil pares de olhos que encaro todo dia
amigos, desconhecidos e outros, até;
digo que estou para me expressar,
e que cada olhar me afeta...

como me sinto, hoje, nunca me senti em minha vida;
nem nunca senti tanto...
isso, de me expressar, invariavelmente um lamento;
isso, que tento, algo que não se pode alcançar...

se digo de amores, falo que acreditei, tentei, falhei;
e repeti, sem pular fases...
se falo de amigos, sou feliz quando quero;
porque também sou metido à auto-suficiente.

dizendo de saudades, me fez falta tanto, quanto fez à um viciado...
hoje estou mais morno, mais morto.
só uso vírgulas quando me apetecem.
estar alegre, para mim, é como se querer estar;
como o é pra qualquer coisa;
amar é querer amar...

prefiro me ver como sendo o que eu quero, desejo;
abrir a cabeça e me deixar me enganar;
alguém apto a tentar.
tentar é a palavra; tentar e dar chance a aprender algo com um par de olhos...

todo par de olhos se parece no branco e na pupila,
mas as pálpebras e sobrancelhas dizem mais;
a verdade verdadeira mais verdade que as outras;
o resto são sorrisos.

dinheiro, casa e carro são conforto,
o mais é se expressar;
a diferença entre acreditar que caminha
e caminhar, de resto nada...


escrever, pra mim, é como me drogar:
um transe qualquer, que muitas vezes não paga a pena;
pra mim há a droga do amor e a do labor,
mas inda não sei como pôr cada uma em seu lugar.

que diria eu da troca?
troca e cobranças: x,
troca sem: y,
uma outra troca: z

falo eu de nem sei o quê...
a busca geral é pela fonte da juventude,
e a velhice nos acrescenta tanto...

que direi eu de nem sei o quê?
buscas e trocas e a juventude sem fim...
a experiência que não tem preço;
os amores que estão por vir...

eu insisto em escrever, insisto em lutar,
insisto em dançar e insisto em interpretar;
o resto é música...
e o resto do resto, não compensa falar...

eu recebo o que eu der e nada mais...
um que faça diferença a quem?
algo que se busque, mesmo, alcançar;
como aquilo de fazer força para ser importante a alguem

sexta-feira, 14 de maio de 2010

correção...

volta e meia releio os posts e corrijo... normalmente tiro umas duas ou três vírgulas e ponho outra em outro lugar...

ah, a roça...

e o verde que te quero bem...
as goiabeiras e os cavalos,
e a estrada ruim pra carro que não tem mais fim;
quantos pastos verdes... um gavião ou outro,
siriema, raposa, tatu e corsa;
aranha ou cobra...
o resto é vaca e boi...

a Bandeirante cheia de folga;
a minha saudade... cheia daquilo que se parece angústia, mas é bom...
saudade...
ai, a roça... ah, os tempos que estive lá...
agora sou só saudades...
a cerca por consertar, e funcionários que enrolam...
ah, saudade dos funcionários, e do suco gelado que eu fazia e levava e todos gostavam...
eu passando pela cidade, todos me cumprimentando com muita consideração e eu conhecendo a poucos...
saudades...

as maritacas, feito nuvens cobrindo o céu e um canto que vira barulho e nada mais se ouve...
muita saudade...
saudade da varanda, onde eu passava horas a fio, a fim de pensar em algo que me valesse lembrar depois...
saudade do medo que eu senti indo à senzala, tarde da noite pela primeira vez...
dos casos que contamos e das fogueiras que acendemos...
os fantasmas que espantamos e oremos as orações...
o oratório de duzentos anos, os espíritos com os quais convivemos...
saudade...

galinhas e patos e pintos e patinhos comendo os milhos que joguei pela manhã, e a horta que reguei...
limoeiro mais espinhento, perto da mina e da mata, nunca vi; catávamos os limões...
a represa em que remamos em uma balsa, pulamos de ponta, cambalhota, costas, e como pudéssemos... nadamos...
um pé de aroeira pra fazer cabo de enchada, as ferpas das canas nos dedos e nas mãos e nas roupas e no pescoço...
tudo me apraz e me faz falta...

saudade da benzedeira, que me curou de quantos maus olhados...
e daquela família, para quem quando indo buscar areia na beira do Paraúna, perdidos, pedimos informação; uma casa isolada em meio à nem sei o quê... e da casa me saiu uma dona, das mais simpáticas, que conversou com a gente em uma língua que eu nunca vou saber...
saudade da língua que eu aprendi lá... o jeito de falar...
saudade de estar cercado por pastos, matas e montanhas...
eu, que me vejo mais de lá, morro de saudade daquele nosso interior